São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997
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Novas linhas facilitam compra de trator

ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após enfrentar em 96 a sua pior temporada de vendas no Brasil, a indústria de máquinas agrícolas (tratores e colheitadeiras) começa a sair do atoleiro este ano, oferecendo aos agricultores novas linhas de financiamento (veja tabela ao lado).
Até 96, o agricultor contava basicamente com uma única linha oficial de crédito, a Finame (Agência Especial de Financiamento Industrial), para financiar a aquisição de máquinas agrícolas.
No segundo semestre deste ano, ocorreram mudanças, com a criação de novas linhas oficiais, além de juros pré-fixados e reduzidos, visando incentivar a renovação da frota agrícola brasileira, considerada sucateada.
Para que o agricultor não se limitasse aos recursos oficiais, as fábricas também criaram suas próprias linhas de crédito.
Mas o produtor deve ter cautela antes de optar por um plano de financiamento, de acordo com economistas de mercado.
O economista Celso Luis Vegro, pesquisador de máquinas e mecanização, por exemplo, não recomenda ao agricultor financiamentos atrelados ao dólar.
"Podem ocorrer mudanças no câmbio a longo prazo. Com isso, o agricultor não tem condições de saber quanto poderá pagar", diz.
Vegro diz ainda que o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), destinado aos pequenos produtores, é a melhor alternativa para compra de máquinas mais baratas.
Para as máquinas mais caras, ainda segundo o economista, a melhor opção é a Finame com juros pré-fixados.
Diversidade
Persio Luiz Pastre, vice-presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), diz que há um leque de opções de financiamentos que atende tanto aos grandes como aos pequenos produtores.
"Existem 5 milhões de pequenos agricultores que trabalham sem máquina no Brasil. Com os recursos do Pronaf, parte deles poderá comprar seu equipamento", afirma Nestor Stapassolli, diretor da Ursus do Brasil.
Para Stapassolli, os recursos destinados ao financiamento de pequenos produtores tende a mudar o perfil do agricultor usuário de máquinas agrícolas no país.
Atualmente, a agricultura do Estado de São Paulo é a que apresenta o maior índice de mecanização.
Nos últimos três anos, segundo a Anfavea, cerca de um terço das máquinas agrícolas vendidas no país foi destinado aos produtores paulistas.
Na opinião de Eduardo Logernann, presidente da SLC-John Deere, o governo se sensibilizou com as dívidas do agricultor, abrindo novas opções de crédito.
"O produtor deve ir a uma concessionária e fazer as contas. Descobrir qual o melhor financiamento, calculando quanto exatamente irá pagar por mês", diz Fábio Piltcher, gerente da Agco.
Para especialistas do setor, a oficina mecânica nem sempre é a melhor opção para o agricultor.
"A manutenção constante em máquinas sucateadas está levando o agricultor a refazer suas contas e constatar que é mais econômico e produtivo optar pela renovação de sua frota."
A opinião é do professor Carlos Antonio Gamero, especialista em máquinas e mecanização da Unesp, de Botucatu (SP).

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