São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997
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Ministro critica aliados e adversários

OSWALDO BUARIM JR.
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao anunciar seu desligamento da Executiva e do Diretório Nacional do PSDB, Sérgio Motta disse que o partido vai "acabar" se discutir agora o inchaço de suas bases.
Motta acusou pessoas dentro e fora do PSDB. Disse que o ex-governador baiano Nilo Coelho, recém-filiado ao PSDB, representa "o que há de pior no país".
Afirmou também que Coelho tem um sócio "que vocês (jornalistas) deviam pesquisar" e que tem negócios no Panamá e nas Ilhas Cayman. A Folha apurou que ele se referia ao prefeito de Contagem (MG), Newton Cardoso.
Motta criticou os tucanos da Bahia por terem filiado Coelho. Disse que deveriam deixar o PSDB. "Seria um favor se todos saíssem do partido na seção da Bahia; um favor para o PSDB e para o Brasil."
Para Motta, a filiação de Coelho foi "ação entre amigos para garantir a eleição de deputados. Coelho, segundo deputados baianos, poderá chegar a 600 mil votos para a Câmara em 98 e garantir a reeleição de toda a bancada tucana da Bahia, já que os votos para cargos proporcionais são somados.
"A elite do senhor Jutahy Magalhães é igual a qualquer uma que tem lá. Só que umas são vitoriosas, outras não", disse. Magalhães, cujo filho Jutahy Jr. preside o partido na Bahia, é rival do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL), aliado do governo.
Motta disse ainda que "o presidente foi enxovalhado recentemente por pessoas que fazem um discurso assexuado, sem cor nem ideologia", referindo-se às críticas de Ciro Gomes a FHC e à ausência de reação da cúpula do PSDB.
Nas críticas de Motta sobrou uma sutil referência ao PFL, ao dizer que fala o que pensa e não adota a "hipocrisia que tem em Brasília de fazer política sem falar".
Motta disse que ia dar "outra colher de chá para o chapéu panamá", referindo-se a Lula, e que ele era "o maior líder sindical que este país já teve".
Elogiou o governador Mário Covas, por sua "jogada de mestre" ao anunciar que não será candidato à reeleição. "Inverteu o problema e acabou o debate eleitoral."
"Se eu o conheço, vai ficar até fevereiro governando e aí vamos ver", afirmou Motta, dizendo que não se candidata nem a deputado.

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