São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997
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"Supervisão" ganha espaço contra crises

DA REPORTAGEM LOCAL

"Supervisão". Essa foi a palavra mais ouvida ontem nos corredores do Centro de Convenções de Hong Kong, um dia antes do início da assembléia anual conjunta do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.
O controle detalhado e eficaz dos sistemas bancários e financeiros parece ser uma das ferramentas fundamentais, tão importante quanto a transparência na divulgação de informações, para prevenir crises como a que afeta atualmente os países do Sudeste Asiático.
Coincidindo com as sessões preparatórias da assembléia, o Instituto Internacional de Finanças, com sede em Washington, organizou ontem um seminário em que as fórmulas para exercer uma "supervisão" eficaz monopolizaram a atenção de banqueiros e homens de negócios que foram a Hong Kong para medir as tendências dominantes no mercado.
Por sua vez, o chamado Comitê de Basiléia divulgou uma versão revisada de um documento consultivo que reúne 25 princípios básicos, cuja aplicação permitirá dar maior eficácia aos instrumentos de "supervisão".
O comitê de especialistas elaborou os princípios juntamente com as autoridades supervisoras de 15 países com economias emergentes, trazendo as consultas feitas com outras autoridades supervisoras internacionais.
Os princípios técnicos incluem uma série de recomendações no âmbito do funcionamento, do controle de riscos, do processo de gestão e dos procedimentos de evolução bancária.
Antes e depois da crise
No seminário, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Robert Rubin, disse, citando o FMI, que dois terços dos países-membros do Fundo tiveram significativos problemas bancários nos últimos 15 anos.
Além disso, segundo Rubin, os custos fiscais para os governos que vêm tendo de enfrentar situações de crise têm sido, frequentemente, severos.
Rubin frisou a necessidade de se estabelecer um padrão de políticas e de instituições reguladoras dirigidas ao setor financeiro, ao mesmo tempo em que se melhora a supervisão do FMI e se aumenta a cooperação entre os organismos internacionais para que adotem, antecipadamente, advertências e medidas de prevenção de crises financeiras.
O presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, disse que o trabalho do órgão deve concentrar-se no papel não só durante a crise, mas também antes e depois da mesma.
Em primeiro lugar, ele mostrou-se favorável a reforçar as estruturas que permitam obter uma base de dados econômicos mais confiáveis. Depois, insistiu em apoiar os países em crise com potencial humano para ajudá-los a superar a situação.
"Não queremos que as pessoas aprendam à medida que trabalham, já que quando estoura a crise é que precisamos da equipe mais forte e preparada possível para enfrentá-la."

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