São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997
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O futuro verde

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, há algum tempo evoluí para a defesa da tese de um Campeonato Nacional com o sistema de pontos cumulativos (ou corridos, como se diz), com um primeiro e segundo turnos.
É a fórmula ideal para um torneio nacional pela regularidade e por tender a neutralizar o alto percentual de imprevisibilidade que existe no futebol.
Com os pontos cumulativos, há planejamento e a tendência é, realmente, premiar o melhor. Para as chamadas Copas, ficariam os sistemas de qualificação, mais democráticos e também mais imprevisíveis nos resultados.
Contra os que argumentam que não há emoção no sistema de pontos cumulativos, basta dar uma olhada nas ligas européias, entupidas de público -como tendência a aumentar a cada ano que passa.
Mas, até para ser coerente com a minha própria argumentação, é preciso reconhecer que as próximas rodadas deste Brasileiro, com o sistema de qualificação, deverão ser empolgantes.
Os times estão nivelados, e as chances de qualificação são grandes para um espectro muito amplo de concorrentes. Além disso, não há regularidade entre os times, que colhem ótimo resultado em um domingo para, logo na quarta-feira, saborearem um dissabor indigesto.
A coisa está dando certo mais pela irregularidade dos times -muitos, pasme, ainda em formação, já na etapa final da primeira fase. A desorganização geral acabou criando, na margem, um interesse inusitado pelo Brasileiro-97.
Aliás, o interesse é tão inusitado que o público ainda não percebeu: a média de consumidor de futebol nos estádios continua abaixo das 10 mil pessoas. Se o torcedor local gosta mesmo do formato que exige a qualificação, os números não estão comprovando.
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O domingo foi bom para o Palmeiras não só pela goleada aplicada no Santos -mostrando o forte potencial da equipe neste Brasileiro.
Para a conquista da teenbolada brasileira lá no distante Cairo, o alviverde, se as minhas informações estão corretas, foi a equipe que mais cedeu jogadores: o lateral esquerdo Jorginho, o meio-campista Ferrugem e o zagueiro Rogério, que ficou no banco.
Levando-se em consideração que o Palmeiras tinha mais jogadores na seleção abaixo dos 17 do que o Flamengo, o Inter, o Grêmio, o Cruzeiro, o Vasco e o São Paulo, tradicionais fornecedores de teenboleiros, e que o Palmeiras tem a fama de investir pouco nas chamadas divisões inferiores, pode-se dizer que o futuro começa a ficar verde -se observado do horizonte do Parque Antarctica.
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Em futebol, pequenos detalhes podem tirar a concentração e a disposição psicológica de um time e prejudicar um longo trabalho.
Desconfio que, a essa altura, a notícia não-notícia da ida de Edinho para o São Paulo já foi suficiente para fazer um estrago na Lusa -a Lusinha e seus eternos problemas.
Mesmo que Edinho fique, já despertou desconfiança dos jogadores, dos diretores e dos torcedores. Ele vai precisar de muito esforço para remediar o mal que ele mesmo causou.

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