São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997
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Angela RoRo; Hyldon; Repentistas; Rickie Lee Jones; Burt Bacharach

PEDRO ALEXANDRE SANCHES

Angela RoRo
"Prova de Amor" (Eldorado), que chega agora ao CD, é o último disco de estúdio de Angela RoRo, e foi lançado há nove anos -depois disso, ela só lançou um disco ao vivo, em 93. "Prova de Amor" nem se compara ao melhor de sua produção, mas é suficiente para dar a dimensão da falta que Angela faz ao cenário pop nacional, nesses longos anos em que teima não gravar nada de novo. O CD já vale só pela imponência de faixas climáticas -e melancólicas- como "Sempre Uma Dose a Mais" (de Lobão e Bernardo Vilhena, em sua melhor tradução), a suavíssima "Meu Benzinho", a faixa-título, balada em que Angela chora (não sem a habitual dose de sarcasmo): "Deus dá asa à cobra e ao dragão/ Deus manda e desmanda, e eu, não!" ou, sobretudo, a desesperada "Karma Secular".
Não é só. Repare, por exemplo, no surrealismo de "How Green Was Your Monkey" ou no refrão do "Funk do Negão": "Ora, corta essa de abolição/ Eu quero ver é o funk do negão". Espírito transgressor é isso aí.
Com esse, passam a ser três os discos de estúdio de Angela em catálogo -a PolyGram relançou, ano passado, "Só Nos Resta Viver" (80) e "Simples Carinho" (82).
É pouco. A preguiçosa PolyGram, detentora de quase todo o catálogo RoRo, teima em manter no porão clássicos como "Escândalo!" (81) ou "Angela RoRo" (79) -a estréia da artista, que contém o standard "Amor, Meu Grande Amor". Não há razão que justifique.
(PAS)

Hyldon
Mais: dona PolyGram não se emenda mesmo. Relança "Na Rua, na Chuva, na Fazenda...", de Hyldon, com capa original, encarte e... a ordem das faixas trocada. Apostando na burrice do consumidor, tirou a faixa-título lá do meio e colocou no começo. Não precisava, somos capazes de achar a música. Pior: a cópia em CD, mal equalizada, sibila mais que o suportável. Mas, enfim, estão aí de volta preciosidades como "As Dores do Mundo". Indispensável, apesar dos pesares.
(PAS)

Repentistas
"O Que É... Repentismo" (Copacabana), em três volumes, faz um inventário do saber nordestino dos repentistas, incluindo duplas de rivais como João Quindingas e Oliveira Francisco, Zé Francisco e Andorinha e Guriatá de Coqueiro e João Tavares. Não ultrapassa muito o folclórico e, às vezes, até cai no besteirol, mas serve como documento que ajuda a explicar a gênese de artistas populares como Zé Ramalho ou Alceu Valença e garante rimas engraçadas e, até, tiradas poéticas.
(PAS)

Rickie Lee Jones
"Ghostyhead" (WEA) é o novo trabalho da cantora Rickie Lee Jones; contrariando a expectativa, até traz alguma novidade. Ela resolveu, desta vez, modernizar o arcabouço de seu folk jazzificado, apelando em medida considerável aos recursos tecnológicos. O problema é que sua (precisa) voz continua tendendo fortemente ao enjoado -quer dizer, ela continua parecendo miar quando canta. Ao menos o tédio instrumental arrefeceu um pouquinho.
(PAS)

Burt Bacharach
Este é antológico. "Hit Maker! - Burt Bacharach Plays His Hits" (Universal) é um apanhado do papa do "easy listening" -um tratado de música orquestrada de elevador, com clássicos kitsch como "Blue on Blue", "A House Is Not a Home" e mais um monte. De imenso poder influenciador sobre o pop, de Pizzicato Five a Sonic Youth, Burt cresce em temas que os Carpenters tornaram clássicos, tipo "(There's) Always Something There to Remind Me".
(PAS)

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