São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997 |
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GELÉIA GERAL DOS PARTIDOS A atual corrida dos partidos para aumentar suas bancadas é reflexo imediato da eleição de 98. Com mais quadros e melhor estrutura eleitoral, aumenta a chance de dominar fatias maiores do próximo Congresso. Numa perspectiva mais ampla, as alterações nas atuais bancadas acentuam tendências e defeitos do sistema partidário. A mudança mais evidente é uma concentração dos deputados nas grandes legendas (PFL, PSDB e PMDB). Na Câmara eleita em 90, eram 8 os partidos com mais de 30 deputados; agora são 5. Dois partidos tinham mais de 80 deputados; hoje são 4. Reflui um pouco a pulverização suscitada pela legislação liberal do início da redemocratização. Tal reorganização do sistema partidário não se deve, no entanto, à agregação de interesses sociais em torno de partidos de perfil ideológico mais definido. O grande consenso em torno da estabilização da moeda, representado pela figura de FHC, é que conduz esse realinhamento. A nova ordem, favorecida pelo colapso da esquerda, está centrada no Estado. Bancadas se reorganizam para se colocar melhor na negociação com o Executivo. Nesse movimento perdem ainda mais seu escasso caráter político-ideológico -que era mais nítido logo após a era militar-, para o que contribui a estratégia presidencial de fazer alianças de "a a z". Esse tipo de composições e o baixo nível político parlamentar, evidenciado em escândalos vários, é favorecido indiretamente por um dos defeitos do sistema de representação. Na eleição de 1994, o PFL teve, em todo o país, quase 500 mil votos a menos que o PSDB. Elegeu, no entanto, 17 deputados a mais que os tucanos. Com 10 mil votos a mais que o PT, o PFL elegeu 40 deputados a mais. O PFL, por exemplo, fez parte importante de suas bancadas nos Estados menores, onde o quociente eleitoral é baixo, assim como a representatividade dos deputados eleitos. Parlamentares com menos vínculo popular ajudam a intensificar o troca-troca partidário, ou outras trocas, por motivos não muito nobres. Tal quadro é determinado tanto pelo adesismo ávido como por um sistema político defeituoso. É difícil acreditar que o adesismo diminua, mas a democracia ganharia se ocorresse alguma reforma nessa situação -a tão desprezada reforma política. Próximo Texto: INFORMAÇÃO E DEMOCRACIA Índice |
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