São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 1997
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Rainha terá 2º julgamento em Vitória

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O julgamento do líder sem-terra José Rainha Júnior foi transferido ontem do município de Pedro Canário (a 270 km de Vitória) para a capital capixaba, Vitória. A decisão foi tomada pelas Câmaras Criminais Reunidas do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, numa votação que terminou em 4 a 3.
O julgamento acontecerá na 1ª Vara Privativa do Júri de Vitória, presidida pelo juiz Ronaldo Gonçalves de Souza. É provável que ocorra na primeira quinzena de dezembro.
O promotor Ulisses Gusman, que deu parecer contrário à transferência, disse que recorrerá da decisão. O recurso será apreciado pelo Tribunal de Justiça, que pode ou não enviar a medida ao Superior Tribunal de Justiça.
O desaforamento (mudança de foro do processo) foi pedido pela defesa de Rainha, sob as alegações de falta de segurança em Pedro Canário e parcialidade dos jurados em relação ao réu.
Sete desembargadores compõem as Câmaras Criminais, mas o presidente, Alemer Ferraz Moulin, só costuma votar em caso de empate. Como a votação estava empatada em 3 a 3, Moulin foi chamado a dar o voto decisivo.
Moulin surpreendeu ao votar pelo desaforamento, acompanhando o voto do relator, Willian Silva, e dos desembargadores Adauto Tristão e Wellington Citty.
Votaram contra o desaforamento os desembargadores Raimundo Siqueira, Geraldo Correia Lima e Paulo Nicola Copolilo.
Tranquilidade
"Este é um caso de muita repercussão, bastante acirrado dos dois lados e observado até pela opinião pública internacional. Pedro Canário é uma cidade pequena e não oferece tranquilidade para o julgamento", disse Moulin.
O líder sem-terra é acusado de co-autoria nas mortes do fazendeiro José Machado Neto e do soldado Sérgio Narciso, em junho de 89, em Pedro Canário. Em junho deste ano, Rainha foi julgado na cidade e condenado a 26 anos e seis meses de prisão. Terá novo julgamento.
O advogado de Rainha, deputado Luís Eduardo Greenhalgh (PT-SP), defendeu em plenário a transferência. Comemorou discretamente o resultado e disse acreditar que, em Vitória, seu cliente será absolvido num julgamento "longe das paixões locais".
Um dos assistentes da acusação, Marco Antônio Gomes, disse que o local não faz diferença.

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