São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 1997 |
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Crise no varejo vem de maio
FÁTIMA FERNANDES
A retração das vendas no varejo começou a ser sentida a partir de maio, especialmente depois do Dia das Mães. A segunda data mais importante para o comércio -depois do Natal- não foi suficiente para fazer o comércio reagir. A explicação dos lojistas, num primeiro momento, foi a de que o consumo havia sido fraco por conta do atraso do frio. A expectativa de uma retomada nas vendas acabou ficando para o Dia dos Namorados. Mais uma vez, no entanto, houve frustração das previsões. O comércio, principalmente no ramo de confecção, passou a apostar suas fichas no Dia dos Pais, em agosto. Mas as vendas não decolaram, apesar da antecipação de liquidações. O resultado dessa sequência de maus resultados está refletido nos números da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FCESP). O faturamento do comércio da região metropolitana de São Paulo caiu 2,9% em maio, 3,5% em junho, 11,2% em julho e 9,6% no mês passado. A comparação é sempre com o mesmo mês de 1996. Não foi afetado apenas o comércio de semiduráveis (vestuário), que depende em parte do clima. O de duráveis (eletroeletrônicos) também perdeu o fôlego. Pela pesquisa da federação, o faturamento das lojas de vestuário caiu 10,1% em agosto na comparação com igual mês do ano passado. A queda na venda física foi de 8%. No caso do varejo de eletroeletrônicos, a redução no faturamento foi ainda maior no período -de 18%. Em unidades, a queda foi de 15,4%. Hoje, os lojistas dizem que essa tendência deve se estender até o final do ano. Não há sinais que possam indicar uma melhora expressiva no ritmo do consumo. Para os comerciantes, só o aumento do poder de compra -por meio de reajustes salariais mais gordos- poderia dar estímulo ao consumo. A federação apurou que em 1994 a média de aumento salarial dos trabalhadores brasileiros foi de 17%. Em 1995, esse percentual caiu para 8%. Em 1996, para 4%. E, de janeiro a julho deste ano, para 1,8%. Pagando dívidas O comércio tem sido vítima de um círculo vicioso em que vendas menores geram o desemprego que, por sua vez, diminui as vendas. O brasileiro não consegue nem sequer pagar o que comprou parcelado. Há consenso entre os lojistas de que o atraso no pagamento dos carnês piorou em setembro. A expectativa é a de que com o pagamento da primeira parcela do 13º salário o consumidor corra atrás do pagamento das dívidas. Com a segunda parcela do 13º, ele até pode comprar um pouco mais no final do ano, mas nada que possa reverter a situação do comércio. Texto Anterior: Comércio agrava o desemprego em SP Próximo Texto: Institutos prevêem recessão Índice |
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