São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ataque mata ao menos 85 na Argélia

Para testemunhas, vítimas são 200

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Cerca de 200 civis morreram em um ataque nos arredores de Argel, a capital da Argélia, segundo moradores do lugar. O governo admite 85 mortes e diz que há 67 feridos, dos quais metade em estado grave.
Fundamentalistas islâmicos são os suspeitos, como sempre ocorre em ataques desse tipo. Se o número de mortes apontado pelos moradores for confirmado, terá sido o segundo ataque mais grave em quase seis anos de violência religiosa na Argélia.
A ex-colônia francesa do norte da África vive clima de guerra civil desde que, em 1992, o governo laico cancelou eleições vencidas pela Frente Islâmica de Salvação (FIS). Cerca de 60 mil pessoas já morreram nesses choques.
Essa última ação mostra que a violência está crescendo. No final de agosto, um ataque ao vilarejo de Sidi Rais, também no norte, deixou 98 mortos segundo o governo e 300 segundo testemunhas.
O ataque de ontem ocorreu de madrugada, no subúrbio de Baraki, durante cerca de quatro horas. Segundo médicos, a maioria dos mortos são crianças. Há vários corpos mutilados -uma característica comum nos ataques dos fundamentalistas. Segundo testemunhas, há pânico na aldeia.
"Os assassinos chegaram por volta da meia-noite. Eles puseram fogo na área ao redor e lançaram granadas contra as casas, para forçar as pessoas que estavam dormindo a sair. Quando isso aconteceu, os terroristas cortaram a garganta das pessoas", disse um morador de Baraki à "Reuter".
Segundo outro sobrevivente, várias mulheres foram raptadas, o que explica por que não há muitas delas entre os mortos. O rapto de mulheres dos vilarejos também é outra característica dos ataques.
O ataque a Baraki só acabou por volta das 4h (2h em Brasília), quando membros de uma milícia laica, intitulada Patriotas, chegou ao local. Alguns guerrilheiros islâmicos morreram nos choques.
O GIA (Grupo Islâmico Armado), braço militar da FIS, já anunciou que considera todos os argelinos que não estiverem a seu lado como inimigos, mesmo que eles sejam laicos moderados.
Um comunicado da liderança da FIS, no exílio, condenou o massacre de Baraki e pediu uma intervenção das Nações Unidas na Argélia. O comunicado também pediu que o presidente Liamine Zéroual renuncie. A TV mostrou membros do gabinete dele conversando com sobreviventes. O governo enviou mensagem de solidariedade aos parentes das vítimas.

Texto Anterior: Sem maioria, esquerda sérvia busca coalizão; Rússia e EUA anunciam novo acordo nuclear
Próximo Texto: Israel volta a acusar ANP por ataques
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.