São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 1997
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A guerra da lei Pelé

Pelé
Ministro dos Esportes e autor do projeto
*Discurso
Afirma que o seu projeto vai tirar o esporte brasileiro do atraso, a partir principalmente da criação dos clubes-empresas, e acabar com a escravidão a que são submetidos os jogadores profissionais, por intermédio da extinção do passe. "Vamos ser livres como outras profissões", disse

*Interesses em jogo
O ministro quer entrar para a história como o homem que modificou a lei do esporte no país. Uma eventual queda de Ricardo Teixeira na CBF também poderia favorecer a sua empresa de marketing esportivo -a Pelé Sports & Marketing

*Porta-voz
Hélio Vianna, membro do Conselho do Indesp (Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto) e sócio da Pelé Sports & Marketing

CBF/Federações de futebol
*Discurso
Alegam que as suas entidades têm autonomia garantida pela Constituição, que não poderia ser afrontada por pontos do projeto como a limitação de mandatos e a fiscalização das suas eleições pelo Ministério Público. Em entrevista à agência Sport Press, Ricardo Teixeira classificou o projeto de Pelé como "idiota"

*Interesses em jogo
Temem perder o poder e a falta de fiscalização, assim como o controle sobre os árbitros, que, pela projeto, poderão formar associações independentes. A limitação dos mandatos (apenas uma reeleição para presidentes de federações, com mandato máximo de quatro anos) impediria a perpetuação de um mesmo dirigente no poder, prática comum atualmente

*Porta-voz
Ricardo Teixeira (presidente da CBF)

Clubes
*Discurso
Condenam boa parte do projeto, principalmente a extinção do passe e a obrigatoriedade de os clubes virarem empresas. Em reunião realizada anteontem no Rio, os 26 clubes que disputam a primeira divisão do Campeonato Brasileiro divulgaram nota afirmando que o projeto contém "ideologia autoritária de estatização do desporto, que se coloca na contramão do processo de privatização (do governo federal)"

*Interesses em jogo
Com a extinção do passe, os clubes deixariam de lucrar com a venda de jogadores. Com a responsabilidade criminal dos dirigentes, outro ponto do projeto, passam a ter riscos se desviarem dinheiro. Com o clube-empresa, ficariam obrigados a administrar melhor, para não levar os clubes à falência

*Porta-voz
Fábio Koff (presidente do Clube dos 13)

Outras confederações esportivas
*Discurso
Afirmam que Pelé só pensou no futebol para escrever o projeto e que os outros esportes serão obrigados a se adequar a uma lei que não foi feita levando em conta suas particularidades. Queixam-se também do fim dos bingos, embora o projeto mantenha os que já existem, impedindo apenas a abertura de novas casas

*Interesses em jogo
Os dirigentes, como na CBF, temem perder o poder e a fiscalização. Também não querem perder a isenção fiscal e o dinheiro dos bingos

Porta-voz
Carlos Arthur Nuzman (presidente do COB -Comitê Olímpico Brasileiro)

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