São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997
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Coréia do Norte avança pouco

JAIME SPITZCOVSKY
DA REDAÇÃO

Enquanto China e Vietnã sinalizavam uma aceleração em suas reformas econômicas, a Coréia do Norte, ainda cercada pelo gesso do isolamento diplomático e doses de ortodoxia ideológica, iniciou na semana passada a formalização da primeira sucessão dinástica do mundo comunista.
Kim Jong-il, no poder desde a morte de seu pai, Kim Il-sung, em 1994, deve finalmente receber o cetro de secretário-geral do Partido dos Trabalhadores e também se tornar chefe de Estado. Ele esperou o fim do luto oficial, de três anos, para iniciar a sucessão formal.
A coroação vai fortalecer Kim Kong-il, 55, um dirigente ameaçado pelo fracasso do modelo econômico comunista e pela onda de fome que assola o país. A Coréia do Norte recebe hoje ajuda humanitária de antigos rivais capitalistas, como a Coréia do Sul, os EUA e o Japão.
"Uma onda de júbilo e emoção varre a Coréia (do Norte)", disse a agência governamental de notícias, a "KCNA", ao anunciar na quinta-feira o início do processo de entronização de Kim, um dirigente que raramente se encontra com visitantes estrangeiros ou fala em público.
A grave crise econômica leva a Coréia do Norte a fazer concessões, ainda a conta-gotas, à maré capitalista asiática. O governo sul-coreano, por exemplo, já autorizou vinte empresas de seu país a investir no cenário dominado por Kim Jong-il e seus aliados militares em Pyongyang.
Entre 14 e 19 de setembro, a Coréia do Norte abriu suas fronteiras para mais uma invasão capitalista.
O país recebeu Kim Woo-choong, presidente da Daewoo, o quarto maior conglomerado sul-coreano, que se reuniu com dirigentes do Comitê para a Promoção da Cooperação Econômica Internacional.
A Coréia do Sul injeta, lentamente, o vírus capitalista em seu inimigo histórico. Embora sonhe com a reunificação, ela teme um colapso repentino do regime de Kim Jong-il, o que poderia provocar um êxodo de refugiados ou até mesmo uma aventura militar dos bem armados soldados norte-coreanos.
Em suas previsões sobre a nebulosa realidade política da Coréia do Norte, analistas japoneses apostam em uma data próxima a 10 de outubro como o dia em que Kim Jong-il assumirá o cargo de secretário-geral do Partido dos Trabalhadores.
(JS)

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