São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pai quer abaixo-assinado com 5 milhões

DA FT

Durante a caminhada pela paz ocorrida ontem no Tatuapé (zona sudeste de São Paulo), o comerciante Massataka Ota, pai do estudante Ives Ota, 8, sequestrado e morto dia 29 de agosto, disse que espera reunir 5 milhões de assinaturas em documento antiviolência.
Ota está organizando, em conjunto com o grupo Reage São Paulo, um abaixo-assinado contra o projeto que prevê modificações para a Lei dos Crimes Hediondos. Até ontem, segundo ele, haviam sido colhidas 20 mil assinaturas.
Para chegar aos 5 milhões, Ota também conta com o apoio da novelista da Rede Globo Glória Perez.
"Ela disse que será fácil conseguirmos adesões." O comerciante pretende entregar o documento pessoalmente ao presidente e ao ministro da Justiça. "Sei que terei apoio da população."
Cerca de 1.500 pessoas participaram da passeata pela paz ontem, que teve como ponto de partida a praça Sílvio Romero. Ota chegou ao Centro Educacional do Tatuapé sem a mulher, Keiko Yolanda, e a filha, Vanessa, usando colete à prova de balas.
Emocionado, pediu justiça e especial atenção de FHC. "O presidente gosta do seu netinho, mas precisa olhar para os filhos dos brasileiros", disse.
O ato cívico, realizado anualmente em comemoração ao aniversário do bairro -e, neste ano, dedicado a Ives- teve como objetivo chamar a atenção das autoridades sobre a questão da segurança e sobre a necessidade de uma polícia comunitária.
"Temos que contar com uma polícia que saiba lidar com o cidadão", disse Cleber Onias Guimarães, presidente do Conselho Comunitário do Tatuapé.
São três os acusados de participar da morte de Ives. O motoboy Adelino Donizete Esteves, 26, o soldado da PM Paulo de Tarso Dantas, 34, e o PM Sérgio Eduardo Pereira de Souza, 28. Apenas Esteves confessou a participação.
O pai de Ives disse estar esperançoso com as mudanças no comando da Polícia Militar. "Mas não será fácil mudar a mentalidade da polícia." Ele descarta a pena de morte como resolução para a violência. No caso do assassinato de seu filho, acha que a melhor punição seria a prisão perpétua.
Ota está criando a Fundação Ives, com objetivo de arrecadar fundos para auxiliar entidades que cuidam de crianças carentes. Em 12 de outubro, vários brinquedos serão distribuídos.
"Meu filho veio para cumprir uma missão e eu vou continuá-la", disse. A missa de 30 dias da morte do garoto será na Igreja Santa Isabel, Vila Formosa (zona sudeste).

Texto Anterior: PM é recebida a balas no Jardim Ângela
Próximo Texto: SC tem onda recorde de violência
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.