São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 1997 |
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Os dinossauros estão de volta!
SÉRGIO MARTINS
O pacote, que vai do primeirão "Kiss" (1974) a "Alive 2" (1977), passou por aquele processo manjado de remasterização -que, no caso do Kiss, acaba por realçar a pobreza instrumental da banda- e mostra por que eles são uma das bandas mais importantes da história do rock. O Kiss influenciou a turma do heavy metal sério, tipo Iron Maiden, as frangas cantantes da categoria de Mõtley Crüe. Nem a turma de Seattle ficou imune ao poder das canções de Gene Simmons & cia. Kurt Cobain nunca escondeu seu amor pelo Kiss, e há influências dos mascarados na música de Melvins e até mesmo Pearl Jam. O som do Kiss nunca teve segredos ou frescuras. Música tocada a níveis insuportáveis, com refrões pedindo para serem berrados por uma galera, e temas que celebram as boas coisas da vida, como mulheres, dinheiro e sexo. Isso pode até soar politicamente incorreto, mas é um alívio para a garotada dos 14, 15 anos, que aparentemente não se interessa pelas viagens mágicas de Yes e Lake & Palmer. "Kiss" e "Hotter Than Hell", ambos de 1974, contêm pequenos clássicos do grupo. Pérolas do quilate de "Deuce", "Firehouse" (do primeiro), "Parasite" (coverizada pelo Anthrax de maneira exemplar) e "Goin' Blind" -de "Hotter". Mas estão longe de serem considerados os melhores trabalhos do Kiss -até as vendas dos álbuns foram decepcionantes. A situação começa a melhorar com "Dressed To Kill". Além do hino "Rock And Roll All Nite" -todo roqueiro que se preza já entoou o refrão dessa música-, "C'mon And Love Me", "She", "Rock Bottom" e "Get Away" -essa cantada pelo baterista Peter Criss. A festa é completada por "Alive!", também de 1975, um dos maiores ao vivo de todos os tempos. Há gritos, sirenes, explosões, sons estridentes de guitarra, o pior/melhor solo de bateria do mundo (Criss batendo lata em "100.000 Years") e o som do povo pedindo mais e mais Kiss. "Alive!" também foi o primeiro trabalho do grupo a emplacar as primeiras posições da parada americana. "Destroyer" (1975) é disparado o melhor trabalho da banda. Tem produção de Bob Ezrin (o mesmo de "Berlin", de Lou Reed) e hits que acompanham o quarteto até hoje -alguém consegue imaginar um concerto dos caras sem "Detroit Rock City", "God Of Thunder", "Shout It Out Loud" e a melosa "Beth"? A dupla "Rock And Roll Over" (1976) e "Love Gun" (1977) leva a assinatura de Eddie Kramer, que recentemente remasterizou a discografia de Jimi Hendrix. Os riffs estão ainda mais pegajosos, destacando "I Stole Your Love" e "Shock Me" (de "Love Gun"). As canções mis "sexistas" da carreira da banda -"Calling Dr. Love", "I Want You", ambas cantadas por Stanley, e Simmons se babando por uma menor em "Christine Sixteen"- são os outros destaques desses CDs. "Alive 2" é infinitamente inferior ao primeiro ao vivo do Kiss, mesmo que traga Ace Frehley soltando os bichos em "Shock Me". A partir daí, o Kiss desceria uma ladeira sem fim, namorando a disco music (no disco "Dinasty", de 1979), o rock progressivo -logo quem!- em "The Elder" (1981) e tirando as máscaras sagradas em busca de um novo público -a partir de "Lick It Up", de 1983. Porém mesmo capengas, eles ainda são melhor que Marilyn Manson, Hootie & The Blowfish e outras nulidades que foram produzidas pelo rock americano nos últimos anos. Preço médio: R$ 19 Onde encontrar: Nuvem Nove, r. Clodomiro Amazonas, 116, Itaim, tel. (011) 820-7051 Texto Anterior: Topa tudo por um visto Próximo Texto: sublime; jane's addiction; feliz natal; rage against the machine; nodoubt; soundgarden Índice |
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