São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 1997
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O BRASIL NA ONU

A eventual participação do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) implicaria novos compromissos e gastos, mas os benefícios obtidos pelo prestígio e pela nova posição poderiam superar esses novos custos.
Após seis anos da extinção da URSS, o fim da Guerra Fria não resultou, pelo menos até agora, no fortalecimento da ONU, como alguns previam. A impressão hoje é, ao contrário, a de que ela perde prestígio.
No entanto, em um mundo não mais cindido pela necessidade de alinhamento a uma superpotência, pode-se esperar que várias nações tenham interesse em fortalecer instituições nas quais o peso econômico dos EUA -a única superpotência atual- possa ser reduzido pela divisão da representatividade política.
É claro que os organismos internacionais não têm de fato a independência que seus estatutos fariam supor. O peso real das nações poderosas será sempre maior que o formal. A guerra contra o Iraque -que os EUA na prática fizeram quase que sozinhos- foi uma indicação de que o apoio dos países centrais a órgãos como a ONU deve-se em certa medida à necessidade de legitimação para seus interesses nacionais.
O poder desses órgãos varia portanto com a conjuntura política. Parte do enfraquecimento sofrido pela ONU na década de 80, por exemplo, deveu-se ao desprestígio com que o governo Reagan passou a tratar o órgão, quando identificou-o como excessivamente "terceiro-mundista".
Assim, uma eventual entrada permanente do Brasil no Conselho de Segurança deve ser vista como uma conquista diplomática e também como uma aposta de que a própria ONU poderá voltar a ganhar peso.
O interesse do Brasil, nesse caso, coincide com o de outras potências médias, como Índia ou África do Sul, e mesmo com o de nações desenvolvidas, como Alemanha ou Canadá, que buscam ter maior presença na diplomacia. Uma vaga no Conselho de Segurança parece ser um investimento com boas chances de retorno.

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