São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 1997 |
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Aceno de Lula a empresário sofre críticas de petistas
CARLOS EDUARDO ALVES
Em entrevista à Folha ontem, Lula elogiou declarações de Ermírio que apontam falta de ação do governo FHC na área social. "Com aquele discurso, ele pode subir em nosso palanque", disse. Para Genro, é quase impossível o casamento entre o empresário e o PT. "O Antonio Ermírio tem a visão afinada com o governo e para subir ao palanque é necessário romper com o modelo e identificar-se com o nosso programa", afirmou Genro, que foi cogitado como candidato à Presidência. A crítica à atuação do governo tucano na área social é insuficiente, no entender de Genro, para o tipo de campanha que ele defende para o PT. "No nosso palanque, precisamos mostrar nosso projeto alternativo, que seguramente não é o mesmo defendido por Antonio Ermírio", declarou. Temer, que recentemente perdeu para José Dirceu a disputa pela presidência do partido, foi mais duro no ataque à posição de Lula. "Ermírio está ressentido com a derrota no leilão da Vale e seu eixo político não é o nosso", afirmou. O deputado referia-se à tentativa frustrada do consórcio liderado por Ermírio de controlar a Vale do Rio Doce. "Antonio Ermírio defende as privatizações e o governo FHC. Não é um herói, e sim um partícipe do processo comandado pelo governo", acrescentou. Para o deputado da "esquerda" petista, a atitude de Lula revela uma "generosidade exagerada para fora da esquerda", o que poderia passar a idéia de que o partido, para negar que queira a hegemonia no seu campo político, esteja hesitando. A divergência não é pessoal. Lula quer um palanque amplo para 98, ao contrário da "esquerda" do PT e até de Genro, um moderado do partido que prega, no entanto, um discurso claro de oposição na campanha eleitoral de 98. A questão não se esgota em Ermírio, até porque ninguém no PT leve a sério a possibilidade de o empresário aderir a uma possível candidatura presidencial de Lula. O problema mais sério é que Lula continua condicionando a candidatura a acordos do PT com outras legendas nas disputas estaduais. A resistência dos diretórios é grande e pode, no limite, fornecer o discurso para Lula desistir de concorrer ao Palácio do Planalto. Texto Anterior: O fundo das desconfianças Próximo Texto: Hartung ameaça sair e agrava crise tucana Índice |
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