São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 1997
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Policial morre durante rebelião de presos

RENATO KRAUSZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O escrivão de polícia Roberto Carlos da Silva, 31, morreu ontem de manhã com três tiros durante uma tentativa de fuga seguida de rebelião dos presos do 32º DP, em Itaquera (zona leste de São Paulo).
O carcereiro Paulo Pereira Costa permaneceu cerca de quatro horas como refém dos detentos. O preso Renato Ribeiro foi ferido com um estilete pelos próprios colegas de cela, segundo a polícia.
Foi a segunda rebelião no distrito nos últimos três dias. A primeira ocorreu sábado, por motivo de falta de água.
A rebelião de ontem começou por volta das 8h15, quando o carcereiro Costa foi soltar os presos responsáveis pela faxina da cadeia.
Antes disso, os 144 presos do distrito já haviam serrado as grades e quebrado os cadeados das celas. Ao abrir a porta da carceragem, Costa foi rendido.
Silva, que estava logo atrás, tentou correr para pedir ajuda aos outros policiais e foi atingido com três tiros nas costas. O escrivão foi socorrido, mas chegou morto ao Pronto-Socorro Planalto.
Os presos estavam armados com dois revólveres calibre 38 e um estilete. O delegado plantonista do 32º DP Antônio Carlos Corsi Sobrinho disse que não tem idéia de como a armas foram parar lá.
Segundo ele, a última revista na carceragem da delegacia foi feita na sexta-feira à noite.
Após balear Silva, os presos tentaram fugir, mas foram contidos pelo investigador Pedro de Paula, que fez disparos na direção da carceragem.
Com o carcereiro Costa de refém, os presos passaram a exigir a presença de um juiz para se entregar. Mais de 30 policiais foram chamados para dar reforço.
Às 11h40, Francisco Galvão Bruno, juiz-corregedor da Polícia Judiciária, chegou à delegacia.
Bruno conversou com os presos e eles fizeram nova exigência: só soltariam Costa se a imprensa entrasse na carceragem.
A exigência foi atendida e, ao meio-dia, os presos se entregaram. Cinco minutos depois, Costa saiu da carceragem, escoltado pelos policiais.
O carcereiro disse que não foi agredido, mas estava com um corte no nariz e com a camisa rasgada.
Por volta das 16h30, a polícia identificou o preso Joel do Santos como o autor dos disparos que mataram Silva.

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