São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Justiça suspende contrato de venda do Bamerindus ao HSBC

FLÁVIO ARANTES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A Justiça Federal em São Paulo suspendeu parte do contrato de venda do Bamerindus ao banco britânico HSBC. A Justiça concedeu liminar à Associação Brasileira dos Investidores Minoritários do Grupo Bamerindus.
A juíza Leila Paiva, da 14ª Vara Cível Federal, determinou que seja suspensa a transferência ao HSBC de ativos do Bamerindus pelo valor contábil, conforme determina o contrato de venda do banco brasileiro ao banco inglês.
A juíza determinou ainda o bloqueio de um depósito em caução no valor de R$ 381,6 milhões feito pelo Bamerindus ao HSBC.
Pela liminar, o BC (Banco Central), responsável pela liquidação do Bamerindus, fica também obrigado a informar à Justiça sobre as negociações de transferência do banco brasileiro ao HSBC.
A liminar, concedida na última sexta-feira, determina ainda que um representante da associação dos investidores do Bamerindus participe das negociações entre o BC e o HSBC.
"Poder paralelo"
Na ação civil pública, os advogados da associação dizem que o contrato de venda do banco ao HSBC foi lesivo ao patrimônio público. Dizem também que, ao não garantir os direitos dos acionistas minoritários, o BC descumpre a própria legislação do Proer, o programa de apoio à fusão bancária.
O raciocínio dos advogados é que os acionistas minoritários são na realidade pequenos investidores. Portanto, devem ter seus direitos assegurados, conforme prevê o próprio Proer.
Em seu despacho, a juíza diz: "A discricionariedade (arbitrariedade) não cria um poder paralelo do administrador, como se ele pudesse estabelecer um sistema próprio de valores, paralelo àquele posto pelo legislador constituinte".
Para a juíza, com base nas alegações da associação, houve "desvio de finalidade" no processo de venda do Bamerindus ao HSBC.
A associação é formada por 800 dos 50 mil acionistas minoritários.
Segundo James Marins, um dos advogados da associação, os 800 acionistas detêm 4 milhões de ações preferenciais (sem direito a voto) do banco, avaliadas em R$ 120 milhões antes da intervenção.
O HSBC não se pronunciou.
BC
Em Brasília, o presidente do BC, Gustavo Franco, disse que o banco vai trabalhar para cassar a liminar.
Franco disse que não consegue conceber a idéia de que a liminar não seja cassada. Argumentou que a venda do Bamerindus foi a única alternativa encontrada para a sobrevivência do banco e que não vê razão para suspender a operação.

Colaborou a Sucursal de Brasília

Texto Anterior: Aquisição no Brasil ainda está nos planos
Próximo Texto: Vendas de imóveis mantêm o ritmo em agosto, afirma Secovi
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.