São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 1997
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"Enigma" concorre em Biarritz e Havana

JOSÉ GERALDO COUTO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Enquanto busca viabilizar seu "A Invenção de Limite", Joel Pizzini colhe os louros da carreira internacional de seu curta-metragem "Enigma de um Dia".
Inspirado no quadro homônimo do pintor italiano Giorgio De Chirico (1888-1978) e protagonizado por Leonardo Vilar, o filme venceu neste mês o Festival de Figueira da Foz (Portugal), depois de ter sido aplaudido por público e crítica no Festival de Veneza.
Agora está concorrendo no Festival de Biarritz (França). Em seguida, participará do Festival de Filmes de Arte de Paris, promovido pela Unesco, e do Festival de Havana (Cuba).
No Brasil, "Enigma de um Dia" venceu em 96 os festivais de Gramado e Cuiabá, e neste mês, a Jornada de Cinema da Bahia.
Joel Pizzini atribui o sucesso ao esmero com que o filme foi realizado. "Embora seja um curta-metragem, foi dedicado a ele um tempo de elaboração bastante fora da média dos curtas."
O ator diz ter sido assaltado por dúvidas durante a preparação do filme. "Às vezes, eu me perguntava: 'Por que é que estou fazendo um filme sobre um assunto tão distante da realidade brasileira, sobre um pintor italiano metafísico?'. Fiquei mais tranquilo quando, durante a pesquisa, descobri as fortes relações de De Chirico com a cultura brasileira."
Pizzini descobriu, por exemplo, que o pintor gaúcho Iberê Camargo tinha sido aluno de De Chirico. Além disso, o artista italiano pintou retratos de Clarice Lispector e Lina Bo Bardi.
Segundo o cineasta, a própria origem do Museu de Arte Contemporânea da USP tem a ver com o De Chirico. "O MAC foi criado graças à doação que o Matarazzo fez à USP de cinco quadros do De Chirico, entre eles o 'Enigma de um Dia', que Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral trouxeram de Paris nos anos 20."
Outra descoberta preciosa de Pizzini foi um CD de Alberto Savinio (irmão de De Chirico), utilizado na trilha. "Só existe um CD de Savinio, que é considerado também um compositor metafísico, uma espécie de Satie italiano. Quando o filme passou em Veneza, as pessoas se surpreenderam, porque Savinio está sendo recuperado agora na Itália."
(JGC)

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