São Paulo, sexta-feira, 4 de dezembro de 1998
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Sequestradores aceitam receber medicação

MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

Os sequestradores do empresário Abílio Diniz, que completam hoje 18 dias em greve de fome, decidiram aceitar que os membros do grupo que correm risco de vida por ter baixa quantidade de sódio e potássio no sangue reponham os nutrientes com medicamentos.
Em níveis acentuados, a falta de sódio pode causar edemas cerebrais e convulsões. A baixa quantidade de potássio provoca cãimbras e pode até fazer com que ocorra uma parada cardíaca.
Até o momento, três dos sequestradores estão com baixa de potássio e todos com baixa de sódio.
Os presos anunciaram que aceitariam a medicação em sinal de reconhecimento à importância política da visita feita a eles pelo ministro da Justiça, Renan Calheiros.
O ministro, que esteve ontem no Hospital das Clínicas de São Paulo junto com o secretário nacional dos Direitos Humanos, José Gregori, pediu aos presos que suspendessem a greve de fome, segundo ele, "por razões humanitárias".
Até agora, eles só tomavam água mineral e não aceitavam nenhum medicamento. Embora tenham aceitado repor nutrientes, os sequestradores continuam se recusando a receber soro intravenoso.
Por meio de seu porta-voz, Breno Altman, os sequestradores afirmaram que não havia nenhum fato concreto que justificasse o final da greve, mas que a visita de Calheiros é um sinal de que o governo está preocupado com o caso.
Esta é a segunda greve de fome dos sequestradores. Em abril passado, ficaram 16 dias sem comer.
A outra greve foi suspensa por um acordo com a Vara das Execuções Criminais de São Paulo, que previa a revisão dos pedidos de regime semi-aberto em 60 dias.
Nesta greve, eles reivindicam a expulsão dos sete estrangeiros e o indulto ao brasileiro, medidas que só podem ser tomadas pelo presidente da República. A transferência dos canadenses, outra das reivindicações, já foi atendida.
"O governo está preocupado com o agravamento da situação. Do ponto de vista legal temos feito o que é possível, fizemos a transferência dos canadenses, mas legalmente nós não temos, por enquanto, o que fazer com relação aos demais presos", disse.
Calheiros afirmou que a expulsão e o indulto representariam um confronto com o Poder Judiciário, já que o país tem mais de mil presos estrangeiros. "Isso criaria um precedente terrível", disse.
A visita de Calheiros ocorreu num momento de impasse na situação dos presos. Nem o governo aceita atender às reivindicações, nem a Justiça decidirá a diminuição das penas nos próximos dias.
Depois de visitar os presos, o ministro foi conversar com o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Dirceu de Mello. A visita seria uma tentativa de tentar antecipar o julgamento da diminuição das penas, que na última terça-feira foi adiado para o próximo dia 15, mas o julgamento não foi antecipado.

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