São Paulo, sexta-feira, 4 de dezembro de 1998 |
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Camelôs chegam ao quarto dia de jejum
MARCELO OLIVEIRA
Também fracassaram as conversações para tentar solucionar o impasse. Duas conversas ao vivo, em uma rádio e em uma rede de TV, entre o líder da manifestação, Afonso José da Silva, 29, e o secretário das Administrações Regionais, Domingos Dissei, não propuseram alternativas de acordo. Duas mulheres tiveram problemas cardíacos, passaram por hospitais e abandonaram a greve de fome, iniciada às 6h de terça-feira, por ordem médica. Com a saída de Iracema Januário da Silva e Maria Luzia Magalhães Couto dos Santos caiu de 28 para 26 o número de manifestantes que fazem o protesto, acorrentados. Os ambulantes querem voltar a trabalhar nas calçadas das ruas em torno do largo, o que foi proibido pela prefeitura. Os camelôs que participam da greve desde o início completaram 60 horas sem comer às 18h de ontem. Parte deles não resistiu à desidratação causada pelo calor de 35,7C e foi medicada com soro. Um dos que recebeu soro foi o líder Afonso José da Silva. "Queriam dar muito soro, mas só aceitei porque estava desmaiando. Quase todos aqui já passaram no posto", disse. Além das duas mulheres que abandonaram o protesto, outras seis pessoas receberam atendimento hospitalar. Pelo menos 30 pessoas participam da greve indiretamente, ajudando os manifestantes. Os apoiadores levam água e providenciam guarda-sóis para os amigos. Outras ficam de plantão na sede da associação dos camelôs do Brás. Ontem, 31 manifestantes, entre apoiadores e acorrentados, foram atendidos na unidade médica móvel da Secretaria Municipal da Saúde. A médica Sônia Lehmann afirmou que aplicou soro nos camelôs que chegavam à unidade apresentando vômitos. "Alguns já estavam com confusão mental, mas melhoraram com o tratamento." Condições piores Segundo o médico Antonio Carlos Lopes, professor titular e chefe da disciplina de medicina de urgência da Universidade Federal de São Paulo, a greve de fome nas condições em que eles estão, sob o sol e expostos à comida vendida no largo, é "pelo menos três vezes pior" que a dos sequestradores de Abílio Diniz, que completam 18 dias de greve hoje, mas sempre em local fechado. "A sensação de fome diante do alimento é maior. E no calor, devido à produção de muito suor, a perda de sódio é maior, e acontecem os desmaios." Texto Anterior: Linhas de ônibus vão para a Barra Funda; Nome do Galeão deve ter também Tom Jobim; Cólera mata 4 pessoas no interior da Bahia Próximo Texto: 37 dormem em 40 m² Índice |
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