São Paulo, sexta-feira, 4 de dezembro de 1998
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São Paulo tem o dia mais quente em 55 anos

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A cidade de São Paulo registrou ontem, às 16h, a temperatura mais alta dos últimos 55 anos. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a estação meteorológica do bairro de Santana (zona norte) atingiu 35,7C.
"O Inmet não tem registros antes de 1943, quando o instituto foi fundado. Desde essa época, nunca houve uma temperatura tão elevada", disse o meteorologista Ernesto Alvim, do Inmet.
Segundo ele, o fenômeno é explicado por várias combinações climáticas que propiciaram a ocorrência da alta temperatura.
"Por dias consecutivos, não houve nenhuma entrada significativa de ar frio na cidade e a umidade relativa do ar, que geralmente é de 50% a 60% às 16h, foi de apenas 22%", afirmou.
Para Alvim, é precipitação falar que o fenômeno climático é consequência da La Niña, cuja característica marcante é o resfriamento das águas do oceano Pacífico equatorial.
Segundo ele, isso provoca a estiagem na região Sul do Brasil e leva as chuvas para as regiões Norte e Nordeste do país.
"Precisamos estudar o fenômeno, antes de querer apontar todas as suas causas. A cidade de São Paulo é muito pequena se for comparada a todo o Brasil", disse.
O meteorologista Gilvam Sampaio, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), discorda.
Segundo ele, a alta temperatura é explicada pela ação direta da La Niña, que interfere nas mudanças climáticas da cidade paulistana.
"Nós já estávamos prevendo esse tipo de fenômeno desde outubro. Com a ação da La Niña, a frente fria passa mais rapidamente pela região de São Paulo, não havendo tempo para a formação de áreas de instabilidade. O céu fica mais limpo, trazendo poucas chuvas e o calor aumenta", disse.
A previsão, segundo os meteorologistas consultados pela Folha, é que a alta temperatura continue por pelo menos quatro dias.
O meteorologista Francisco Alves do Nascimento, do Inmet, acredita que a temperatura vai se normalizar apenas no final do outono, quando a La Niña perder a intensidade.
"O clima está sendo influenciado pelo resfriamento das águas do oceano Pacífico e, por enquanto, não há previsão de mudanças", afirmou.

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