São Paulo, sexta-feira, 4 de dezembro de 1998 |
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"Maníaco do parque" divide a Globo
NELSON DE SÁ
A superintendente-executiva questionou o diretor de jornalismo, Evandro Carlos de Andrade, que aprovou a transmissão pelo "Fantástico" mas não chegou a acompanhar a edição -a cargo do diretor Roberto Talma, da área de "produção" ou entretenimento, não de jornalismo, da emissora. Em meio a dramatizações que ilustravam os supostos crimes, foram ouvidos no "Fantástico", entre outros "especialistas", uma vidente e um astrólogo. A edição foi supervisionada por Luís Erlanger, diretor editorial de jornalismo, que foi enviado em seguida a Búzios, litoral norte do Estado do Rio. A divisão prosseguiu até anteontem, quando a direção de jornalismo assumiu o erro, mas sublinhou que não se deve mais misturar jornalismo e "produção". "Doutor Morte" No "Fantástico" seguinte ao "maníaco do parque", domingo passado, uma edição semelhante foi feita com uma reportagem original do programa "60 Minutes", da rede norte-americana CBS. Trazia a morte de um doente terminal, induzida pelo chamado "doutor Morte", o médico Jack Kevorkian, um apologista da eutanásia. Como no caso de Francisco de Assis Pereira, mas com relativa moderação, diversos recursos de ficção foram introduzidos pela emissora brasileira, como música de suspense e outros elementos de sonoplastia, além de textos e cortes de imagem que sublinhavam a dramaticidade. A média de audiência do "Fantástico" com o "doutor Morte" foi de 37 pontos. Com o "maníaco do parque", 40 pontos. No programa do dia 15, anterior aos dois, a média foi de 32 pontos. Cada ponto de audiência equivale a 80 mil telespectadores na Grande São Paulo. As edições testam o modelo de um programa semanal de reportagens que a Rede Globo vem estudando desde meados deste ano, para veicular a partir do ano que vem. O programa seria transmitido no próprio domingo ou quinta-feira, dia de audiência relativamente baixa no horário noturno, hoje com o "Você Decide". Marcelo Rezende, que fez a entrevista com o "maníaco do parque", estava em princípio escalado para ser o âncora/repórter do programa, para o qual são citados também os nomes de Caco Barcellos e Domingos Meirelles. A edição e as reportagens complementares sobre o "doutor Morte", domingo passado, foram feitas por Pedro Bial. Mas o projeto, mesmo antes da divisão iniciada pelo "maníaco do parque", já enfrentava empecilhos, como o corte de custos na emissora e a falta de espaço vago na grade de programação. Tendo como guia a reunião de recursos dramáticos, "teatrais", a reportagens de profundidade, o novo programa teria uma inspiração longínqua no próprio "60 Minutes", de grande prestígio e audiência nos EUA, mas absolutamente sóbrio na edição. O "60 Minutes" alcançou a sua maior audiência nesta temporada com a reportagem sobre o "doutor Morte", apresentada dois domingos atrás e que levou a CBS a superar a líder NBC no último mês. As reportagens do "60 Minutes" já podem ser reproduzidas pela Rede Globo. Mas o acordo entre a CBS e a emissora exige reprodução integral de cada reportagem, ao contrário do que ocorreu com a entrevista do "doutor Morte". Colaborou a Redação Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch Índice |
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