São Paulo, segunda-feira, 28 de dezembro de 1998
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Investidor foge das aplicações em CDB

MARA LUQUET
EDITORA DO FOLHAINVEST

Você não sabe se renova ou não o CDB (Certificado de Depósito Bancário) que está vencendo? Então, preste atenção aos movimentos dos grandes investidores -e dos nem tão grandes assim.
A participação dos CDBs nas carteiras dos fundos Fif 60 dias foi reduzida à metade no último ano, segundo dados do BC (Banco Central). E, neste mês, a captação líquida (aplicações menos resgates) dos CDBs ficou negativa em R$ 2 bilhões, segundo dados acumulados do BC até o último dia 16.
Duas são as razões apontadas pelos analistas para essa fuga de capital dos CDBs: busca de rentabilidades maiores e procura de ativos de menor risco.
Em dezembro, as pessoas físicas engrossaram os resgates dessas aplicações. São pequenos e médios investidores que tinham parte de suas economias aplicadas em CDB, mas que começaram a trocar o destino de suas aplicações.
Esses investidores querem economizar com impostos para maximizar seus ganhos. Por isso, estão rebalanceando suas carteiras. Aplicações em CDB tendem a ficar mais caras no próximo ano, a partir da vigência da nova alíquota da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
O programa de ajuste fiscal do governo prevê o aumento da alíquota, de 0,20% para 0,38%. Como o CDB paga CPMF a cada vencimento da aplicação, ele ficará menos atraente em 99. Já as aplicações em fundos, que não pagam esse tributo a cada vencimento, ficarão mais sedutoras.
Veja o que vem ocorrendo com a poupança financeira bruta, segundo o BC. Nos primeiros 16 dias de dezembro, enquanto o saldo das aplicações em CDB perdia 2% de seu patrimônio, o estoque de investimento em fundos Fifs registrava o ingresso líquido de R$ 800 milhões. Se somado o ingresso líquido de capitais nos fundos de carteira livre, essa cifra fica próxima a R$ 1 bilhão -quase 1% do saldo dessas aplicações somadas.
Nas próximas semanas, acompanhe a evolução da votação da CPMF no Congresso. Se a nova alíquota não for votada até o dia 21, haverá algumas semanas em que a cobrança da CPMF estará fora do mapa financeiro.
Esse será o melhor momento para rebalancear sua carteira, pois a migração não terá a incidência de nenhuma alíquota. Isso porque o prazo de vigência da atual CPMF esgota-se no próximo dia 21 e, enquanto o Congresso não aprovar a nova alíquota, esse imposto deixa de existir.
Mas, se a situação for inversa, ou seja, se o Congresso aprovar a CPMF de 0,38% ainda no início de janeiro, ela já incidirá sobre a renovação das aplicações que vencem a partir do próximo dia 21.
Quem não quer correr o risco da alta tributação e não espera para ver já começou a trocar suas aplicações. Há também um movimento, ainda que tímido, de ingresso de recursos nas cadernetas de poupança. Nesses 16 dias de dezembro, a captação líquida da poupança foi de R$ 128 milhões.
Fundos de investimentos
Mesmo os gestores de fundos de investimento, que, por cuidarem do destino de um volume vultoso de dinheiro, são investidores de grande porte e conseguem negociar taxas atraentes para os CDBs, optaram por desfazer parte de suas aplicações nesses títulos.
Os fundos Fifs 60 dias têm em suas carteiras a soma de R$ 9,4 bilhões em CDBs, o que corresponde a 8,7% de seu patrimônio. Em dezembro de 97, a participação desses papéis nessas carteiras era de 16%.
Nesse período, a participação dos títulos públicos do Tesouro e do Banco Central aumentou de 46% para 72% no patrimônio desses fundos. Essas cifras refletem o medo que se abateu sobre os grandes gestores este ano. O CDB é um título privado, que oferece ao investidor o risco de crédito dos bancos que o emitem.
Com o agravamento da crise em agosto e setembro, os gestores optaram por concentrar o patrimônio dos fundos em títulos do governo federal, considerados, na escala de grau de risco, aplicações mais conservadoras.

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