São Paulo, segunda-feira, 28 de dezembro de 1998
Próximo Texto | Índice

Drogas poderão substituir antibióticos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Novas drogas que atacam bactérias com ação semelhante à de um detergente poderão ser uma alternativa aos antibióticos tradicionais, anunciaram ontem pesquisadores israelenses.
Os testes foram realizados em tubos de ensaio no Instituto Weizman de Ciência, de Rehovot, em Israel. Eles demonstraram que certas substâncias orgânicas conseguem dissolver parcialmente a membrana celular de bactérias e matá-las, segundo os cientistas.
Os pesquisadores do instituto afirmaram que esperam reproduzir esses mesmos resultados em testes com as drogas em cobaias, que devem ser iniciados em breve.
Uma das principais vantagens previstas para esse tipo de tratamento é a de que os microrganismos não deverão ser capazes de desenvolver resistência às novas drogas. Elas deverão destruí-los, sem dar chance de eles se reproduzirem, segundo os cientistas.
Outra vantagem que os cientistas esperam confirmar é a de que, por terem ação mais simples que a dos antibióticos -destruir a membrana que envolve as bactérias-, esses novos medicamentos não deverão ter reações orgânicas significativas para o organismo.
A pesquisa se inspirou no sistema de defesa orgânica de alguns animais. Presentes nos organismos de sapos e de certos insetos, essas substâncias atuam contra infecções por bactérias, segundo o bioquímico Iejiel Shai, do Instituto Weizman.
Essas substâncias fazem parte do grupo dos peptídeos, que são formados por diversos processos orgânicos, como a quebra das proteínas durante a digestão.
Shai e seus colaboradores estudaram o comportamento de alguns peptídeos em contato com diversos tipos de bactéria e constataram que eles agem como detergentes e sabões que dissolvem manchas de gordura.
Os peptídeos aderem às bactérias e dissolvem parte da membrana celular -que as envolve e as protege-, feita de uma substância gordurosa, segundo Shai. "Atingida, a bactéria se esvazia e morre."
Assim que conseguiram determinar essas propriedades dos peptídeos estudados, os cientistas conseguiram sintetizá-los em laboratório, obtendo versões que seriam mais estáveis e duradouras no aparelho digestivo.
Os pesquisadores disseram que, se os resultados forem confirmados em organismos de cobaias, será possível desenvolver peptídeos específicos para combater diversos tipos de bactérias.

Próximo Texto: Hillary agride Bill Clinton
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.