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De tema gay, "Yossi" abre mostra de Israel

Continuação de "Delicada Relação" (2002), filme volta ao personagem que viveu romance durante serviço militar

Diretor Eytan Fox nega que faça propaganda gay para desviar atenção da ocupação israelense de territórios palestinos

DIOGO BERCITO DO ENVIADO ESPECIAL A TAL AVIV

Israel está em mudança. A plateia que viu "Delicada Relação" em 2002 não é a mesma que foi aos cinemas ver a sequência, "Yossi", em 2012 -o filme abre hoje, às 20h30, a 6ª Mostra Audiovisual Israelense do Centro da Cultura Judaica, em São Paulo (r. Oscar Freire, 2.500; tel. 3065-4333).

"A sociedade se transformou tremendamente", diz o diretor Eytan Fox, 48, em seu restaurante predileto de Tel Aviv, o Cantina. "Meus filmes e o fato de eu ser desbocado contribuíram para isso", diz.

Ele se refere ao fato de, na sua visão, a homossexualidade ser vista com mais naturalidade do que dez anos atrás.

Em "Yossi", o diretor volta ao protagonista que dá nome ao filme -na última vez em que vimos o rapaz, ele estava de luto pela morte de seu par romântico, o soldado Jagger.

Quando Yossi conhece um jovem soldado gay, surge o abismo entre duas gerações. Yossi ainda está no armário, já o garoto é abertamente gay.

É o contraste que Fox diz ter visto ao longo das décadas. "Quando cresci em Jerusalém, não podia sair do armário. Isso nem existia", diz. "No país da minha infância, só havia um homem que se podia ser: um soldado macho. Isso pesava sobre meus ombros."

A mudança registrada pelos filmes de Fox também é vista nas instituições, diz. Detratores sugerem até que o país faz "pinkwashing". O termo significa, segundo o grupo Pinkwatching, "o uso cínico de direitos gays como distração à ocupação israelense [de territórios palestinos]".

"Quando fiz 'Delicada Relação', pedi ao Exército equipamento e verba, e eles negaram", diz. "Hoje, o filme está no currículo cultural deles."

Quando souberam que faria "Yossi", militares procuraram Fox para oferecer apoio.

"Acusam-me de fazer propaganda gay para esconder coisas ruins que acontecem aqui", diz Fox. "Mas não podemos deixar de ver que esse é um país progressista."

Otimista, justifica o retorno a Yossi dizendo que precisava salvá-lo da miséria em que ficou após a morte de Jagger.

"É meu melhor filme, até hoje. É um estudo de personagem. O mundo mudou, e esse homem pode ser salvo."


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