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Crítica - Comédia

'O Concurso' abusa de estereótipos previsíveis

Excesso de clichês no roteiro e na caracterização dos personagens reforçam preconceitos e não são engraçados

OS QUIPROQUÓS SE SUCEDEM, TENDO COMO CENÁRIO OS MAIS GRITANTES LUGARES-COMUNS SOBRE O RIO, COMO BAILES FUNK NA FAVELA

ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As agruras e vicissitudes enfrentadas pelos candidatos a concursos públicos no Brasil podem render um bom filme. Mas esse não é o propósito de "O Concurso", comédia que marca a estreia de Pedro Vasconcelos no cinema.

O concurso público é apenas um pretexto para reunir quatro personagens no Rio de Janeiro, onde se metem em uma série de confusões.

Eles são finalistas de um concurso para juiz federal: Caio (Danton Mello) é carioca, Rogério Carlos (Fábio Porchat) é gaúcho de Pelotas, Bernardo (Rodrigo Pandolfo) vem do interior de São Paulo e Freitas (Anderson Di Rizzi) é do Ceará.

Todos eles são verdadeiras caricaturas ambulantes, assim como estereotipadas são as situações que vivem no Rio. Caio passa a maior parte do tempo na praia, tem amigos ligados ao tráfico de drogas e ao jogo do bicho.

Rogério vive pressionado pelo pai, que lhe recorda constantemente os mitos sobre masculinidade caros a um certo tradicionalismo gaúcho. Muito tímido, Bernardo tem jeito de nerd e um sotaque caipira para lá de carregado, enquanto Freitas é supersticioso e recorre a tudo quanto é mandinga.

Eles se conhecem dois dias antes do exame e Caio logo procura enganá-los ao tentar conseguir o gabarito da prova, algo já esperado. O absurdo é que o gabarito é vendido por traficantes. Mas o trio descobre a manobra e Caio acaba sendo compelido a incluí-los na operação.

A partir daí, os quiproquós se sucedem, tendo como cenário os mais gritantes lugares-comuns sobre o Rio, como bailes funk na favela, a violência do crime organizado e travestis exuberantes.

Os três forasteiros, que vêm de cidades pequenas, comportam-se como provincianos na cidade maravilhosa, outra obviedade.

A maneira como os magistrados são descritos --com fala empolada e tiques caquéticos-- é outro estereótipo.

Com tantos clichês no roteiro e na caracterização dos personagens, que revelam apenas preconceitos, o filme padece de um terrível mal: a previsibilidade. Isso implica uma consequência funesta: a comédia não tem graça.


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