Filme aborda confusão de identidades na Europa miscigenada

"Os Nomes do Amor" é um título enganoso para esta comédia dirigida pelo francês Michel Leclerc.

A tradução desvirtua o original, "Le Noms des Gens" (os nomes das pessoas), buscando, talvez, vender o filme como uma comédia romântica leve, mas eliminando, no processo, seu aspecto mais interessante: o da busca de identidade dos personagens.

No filme, a idealista Bahia (Sara Forestier), filha de uma hippie e de um exilado argelino, conhece um quarentão aparentemente conservador, Arthur (Jacques Gamblin).

Bahia (o nome faz com que ela seja confundida com brasileira) acredita no amor livre e tem por hábito fazer sexo com homens que considera reacionários para tentar mudar suas convicções políticas.

Quando encontra Arthur, o vê apenas como mais um na sua longa lista de "experimentos". Mas Arthur tem um passado obscuro, que dificulta os planos da moça.

O tema principal do filme é a confusão de identidades nessa Europa cada vez mais miscigenada e complexa.

O roteiro busca tratar com leveza assuntos tão espinhosos quanto tensões étnicas e colonialismo. E consegue -pelo menos até o momento em que Bahia ganha contornos exagerados e caricatos.

Há cenas tão forçadas que tiram todo o charme da história. Numa delas, Bahia sai apressada, esquece de se vestir e entra nua no metrô.

Há também uma desnecessária brincadeira com o líder socialista Lionel Jospin.

O filme tem uma mão pesada para tratar de conflitos familiares. A história "secreta" da família de Arthur é contada de maneira extremamente melodramática.

"Os Nomes do Amor" é um filme que poderia ter sido mais bem-sucedido se o diretor tivesse a sensatez de limitar alguns devaneios estéticos e só contar uma história de maneira mais simples.

OS NOMES DO AMOR

DIREÇÃO Michel Leclerc

PRODUÇÃO França, 2010

COM Sara Forestier, Jacques Gamblin, Jacques Boudet

ONDE no Cine Sabesp, Lumière Playarte e circuito

Classificação 14 anos

AVALIAÇÃO regular