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Ciclo reúne raridades filmadas pelo crítico Jairo Ferreira CCBB inaugura mostra com clássicos do cinema marginal e produção completa do jornalista, que inclui 'O Vampiro da Cinemateca' LÚCIA VALENTIM RODRIGUESDE SÃO PAULO Verborrágico, antropofágico e marginal são boas maneiras de descrever o cinema feito pelo crítico e jornalista Jairo Ferreira (1945-2003). A partir de hoje, o CCBB apresenta toda sua produção, que começa com "O Guru e os Guris" (1972), curta sobre o cineclubista Maurice Legeard (1925-1997), que coordenou a Cinemateca de Santos. Raramente exibido, "O Vampiro da Cinemateca" (1977) é um de seus longas mais cultuados. Nele, mistura poemas, citações de Oswald de Andrade, notícias de jornal e colagens de obras-primas do cinema mundial. Sem linearidade clara, a trama metalinguística enfoca um crítico que acaba abduzido por um disco voador, em meio a passeios de carro pela cidade, amigos que leem textos sob a mira de um revólver e vozes distorcidas. É comum os personagens de seus filmes reclamarem do som e de outros cineastas. Ou da censura, como em "Horror Palace Hotel" (1978), em que José Mojica Marins e Francisco Luiz de Almeida Salles, um dos fundadores da Cinemateca Brasileira, são entrevistados durante o Festival de Brasília para falar sobre o terror nacional, considerado um gênero menor, e criticar a censura, que naquele momento embargava um filme de Mojica. Para Jairo Ferreira, só o terror podia salvar o cinema brasileiro da falta de originalidade. Ou como descreve Almeida Salles no curta: "É preciso horrificar as pessoas para perturbá-las, para elas adquirirem a visão". Além de cineasta bissexto, Ferreira foi crítico da Folha entre os anos 1970 e 1980, defendendo um distanciamento do cinema novo de Glauber Rocha e uma aproximação do experimentalismo radical de Zé do Caixão. Por isso a mostra também traz filmes sobre os quais escreveu e alguns clássicos do cinema marginal, de parceiros como Rogério Sganzerla ("A Mulher de Todos"), Carlos Reichenbach ("Alma Corsária", "Filme Demência"), Mojica Marins ("Ritual dos Sádicos") e Ivan Cardoso ("Nosferatu no Brasil"). Autor de "Cinema de Invenção" (ed. Limiar), também trabalhou como assistente de direção para longas da Boca do Lixo como "Orgia ou o Homem que Deu Cria" (1970), de João Silvério Trevisan. Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros |
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