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Arte tecnológica tenta reinventar paisagens naturais Obras desenvolvidas no laboratório do MIS simulam ambientes como florestas, parques, rios e bosques Trabalhos de sete artistas foram criados durante residências artísticas no museu e no exterior em 2011
DE SÃO PAULO Na mostra das obras criadas no laboratório de novas mídias do Museu da Imagem e do Som, o LabMIS, a parafernália eletrônica de sensores, transmissores, câmeras, amplificadores e luzes está a serviço da paisagem, gênero clássico da história da arte. É como se a tecnologia mais avançada aguçasse o olhar para as formas mais simples, ambientes imersivos que simulam, na verdade, florestas, lagos, parques e bosques. Pedaços de ferro espalhados pelo chão do museu amplificam os passos dos visitantes. Esse som é transmitido em tempo real para um alto-falante numa floresta nos arredores de São Paulo, onde um microfone capta o canto dos pássaros e o retransmite ao vivo para o espaço do MIS. "É uma microfonia, um curto-circuito que vai misturando várias vozes", diz Eduardo Duwe, do coletivo Banda Esquizofônica, que montou a obra. "Isso é comunicação e colisão ao mesmo tempo, é robótica ambiental." Outro ambiente um tanto robótico, como um passeio pela textura de uma embalagem de cigarros vista sob microscópio, é projetado na superfície da água na obra do coletivo Micro.sca.pe/s. São composições abstratas que tremem sob impacto sonoro de amplificadores e ao mesmo tempo refletem a luz de um projetor no teto da sala. "Nossa ideia é trabalhar com escalas", diz o artista Pedro Veneroso. "Queremos criar a visualização de um universo que não é tangível." Da mesma forma, Lucas Bambozzi traduz uma paisagem tangível, vistas da cidade holandesa de Utrecht, em tomadas abstratas de seus reflexos na água. Nas cenas do vídeo, o mundo ressurge transmutado pelas ondas. É uma obra que encontra eco noutro vídeo da mostra. Claudio Bueno filma o rio visto do porto de Québec ao som de vozes femininas entoando uma espécie de litania, alusão à morte de mulheres canadenses que trabalhavam com radiodifusão nos navios durante a Segunda Guerra. Quem visita o local só ouve esse canto por meio de um aplicativo de celular, ou seja, a tecnologia capaz de traduzir outra história invisível. Pensando, aliás, nas "Cidades Invisíveis" de Italo Calvino, as artistas Rita Wu e Graziele Lautenschlaeger criaram uma espécie de caixa de ressonância, com elásticos que emitem sons quando tocados pelo público, referência às linhas tecidas entre pessoas e coisas na fictícia Ercília do autor italiano. | Índice | Comunicar Erros |
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