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Mostra exibe peças ibero-americanas Festival teatral que começa hoje em São Paulo amplia integração do Brasil com países vizinhos e da Península Ibérica Série de eventos mostra que brasileiros nunca estiveram tão próximos de companhias de língua portuguesa e espanhola
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA O ator Renato Borghi acredita que o Brasil está na idade da pedra na questão da integração teatral ibero-americana. Sua impressão não é isolada. "O Brasil é um país ibero-americano, mas nunca se convenceu muito disso", disse o diretor regional do Sesc, Danilo Santos de Miranda, ao lançar o Mirada (Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos), justificando sua idealização, em 2010. Se historicamente o teatro brasileiro sempre esteve mais próximo das dramaturgias europeia e norte-americana do que das de países de línguas portuguesa e hispânica, esse quadro se transforma. Iniciativas como o Mirada, a Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo -cuja sétima edição se inicia hoje- e o Porto Alegre em Cena ampliam olhares da cena local. Borghi contribuiu para expandir as fronteiras do teatro. Ao lado de Élcio Nogueira Seixas, entre 2009 e 2010, percorreu 14 países ao realizar um estudo dramatúrgico. Ambos coletaram cerca de 1.200 peças em toda a América Latina hispânica, além de Portugal, Espanha, os países lusófonos da África e os Estados Unidos. A curadoria desse material acaba de ser realizada. A dupla entregou para a Funarte cerca de 120 obras para que, nos próximos anos, sejam viabilizadas edições bilíngues no país e no exterior. "Jamais foi feito algo assim no Brasil, com esta abrangência", diz Seixas. O presidente da Funarte, Antonio Grassi, acredita que a coleção será publicada no país a partir de 2013. "Paralelamente a isso, vamos lançar um edital para a montagem das obras. Acreditamos que só assim elas serão realmente absorvidas", afirma. DIVERSIDADE Segundo Borghi e Seixas, as peças voltadas ao debate da identidade cultural e política que costumam se apresentar no Brasil representam apenas uma pequena parte da produção teatral da cena ibero-americana. A sétima edição da Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo trilha o mesmo caminho. Surge menos folclórica e mais aberta. "Buscamos espetáculos para a mulher, com as mulheres e sobre as mulheres", sintetiza o curador e ator Ney Piacentini. Das dez companhias teatrais da Espanha e das Américas do Sul e Central que se apresentam no evento, nove são formadas ou protagonizadas por mulheres. Entre elas, Las Reinas Chulas, grupo ativista mexicano que em "La Banda de Las Recodas" utiliza o cabaré e o teatro de revista. "Encarnamos narcotraficantes, atividade masculina, para discutirmos a situação do país e da mulher de uma só vez", fala a atriz Cecilia Sotres. Com a peça "Delírio Habanero", o coletivo cubano Teatro de La Luna debate, entre outros temas contemporâneos, o papel da mulher na sociedade do espetáculo. Outro destaque da mostra é "Kamouraska", criação das espanholas da companhia Inversa Teatro. A peça faz retrato um fragmentário da figura feminina. Celebra seu lado instintivo, chegando a misturar a imagem humana com a canina em cena.
VII MOSTRA LATINO-AMERICANA DE TEATRO |
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