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"Outros Tempos" chega ao teatro Augusta

Texto do autor inglês Harold Pinter (1930-2008) ganha tratamento à caráter, cheio de silêncios e jogos psicológicos

Dirigida pelo estreante Pedro Freire, peça traz personagens isolados em uma casa, revivendo fantasmas do passado

Dalton Valério/Divulgação
Personagens do espetáculo "Outros Tempos", dirigido pelo estreante Pedro Freire, 31
Personagens do espetáculo "Outros Tempos", dirigido pelo estreante Pedro Freire, 31

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As pausas e os silêncios rubricados nas peças de Harold Pinter (1930-2008) fazem o espectador se "apertar na cadeira", diz o diretor estreante Pedro Freire, 31. Sua montagem para "Outros Tempos", do autor inglês, entra hoje em cartaz na sala experimental do teatro Augusta.

Cheio de silêncios, portanto, o espetáculo estabelece em cena uma tensão que os amantes da obra de Pinter conhecem bem.

Os jogos psicológicos de aproximações, pequenas crueldades e formas sutis de sedução, conduzem os diálogos entre três personagens: um homem, sua mulher e uma amiga do casal.

"A única coisa bonita da cidade grande é que, quando chove, as coisas ficam meio borradas", diz em determinado momento do espetáculo a mulher casada.

Os personagens não estão somente distantes do ambiente urbano. Eles estão isolados em uma casa cercada pelo mar, em um lugar onírico que os impulsiona a vasculhar o passado.

A peça, montada pela primeira vez em Londres em 1970, inicia-se na sala da casa. No segundo ato, ocupa um quarto, sendo que o intervalo entre as duas partes foi eliminado pela direção. "Também não montei o cenário pensando na forma realista que está no texto original", detalha Pedro.

"Dois divãs fazem os sofás do primeiro ambiente e as camas do segundo."

Em sua primeira direção para o teatro, ele conta com um elenco jovem, mas experiente. Cristina Flores (a amiga do casal) já foi duas vezes indicada ao Prêmio Shell. Otto Jr. tem 15 espetáculos em sua carreira, com trânsito por companhias experimentais. Paula Braun e Miwa Yanagizawa trazem suas experiências do teatro e do cinema -e se revezam no papel da mulher casada.

Formado em direção cinematográfica pela escola de San Antonio de Los Baños, de Cuba, Pedro Freire tem o mérito ainda de ter conseguido se aproximar de dois diretores importantes, um do teatro e o outro do cinema.

Ele fez assistência para Enrique Diaz na peça "In on It", e para Karim Aïnouz, no filme "O Céu de Suely".

"Eu não os conhecia. Fui na cara de pau e pedi para trabalhar com eles", conta.

OUTROS TEMPOS
QUANDO às 21h, hoje e amanhã
ONDE teatro Augusta (r. Augusta, 943; tel. 0/xx/11/3151-4141)
QUANTO R$ 30
CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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