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CRÍTICA COMÉDIA

Personagens de filme são mais repulsivos do que interessantes

Influenciado por Hal Ashby, "Os Acompanhantes" traz atores em papeis histriônicos, exagerados e sem graça

Divulgação
Kevin Kline em cena de "Os Acompanhantes", filme de Shari Berman e Robert Pulcini
Kevin Kline em cena de "Os Acompanhantes", filme de Shari Berman e Robert Pulcini

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Da grande geração de cineastas americanos surgida nos anos 1970 (Coppola, Scorsese, Friedkin etc.), um nome não é tão falado, mas segue influenciando jovens diretores: Hal Ashby (1929-1988).

Ashby ficou conhecido por comédias sofisticadas sobre personagens excêntricos e sonhadores, sempre em conflito com um mundo "real" que lhes era hostil. Alguns de seus filmes mais cultuados foram "Ensina-me a Viver" (1971) e "Muito Além do Jardim" (1979).

A influência de Ashby pode ser vista nos filmes de Michel Gondry ("Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças") e Spike Jonze ("Quero Ser John Malkovich"), mas, principalmente, nas comédias de Wes Anderson ("Os Excêntricos Tenenbaums").

É difícil assistir a "Os Acompanhantes" sem pensar em Hal Ashby. Esta comédia, dirigida por Shari Springer Berman e Robert Pulcini, que haviam estreado bem com "Anti-herói Americano" (2003) e depois decepcionado com "Diário de Uma Babá" (2007), lembra muito o estilo de Ashby.

Para começar, traz personagens excêntricos e deslocados: Paul Dano ("Pequena Miss Sunshine") faz Louis Ives, um professor de literatura que, depois de ser mandado embora de uma escola ao ser flagrado de sutiã, vai a Nova York em busca do sonho de se tornar escritor.

Na cidade, ele aluga um quarto na casa de um enigmático aristocrata chamado Henry Harrison (Kevin Kline), hoje falido, que vive de acompanhar idosas ricaças a eventos sociais.

Louis e Henry são criaturas de outra era. Louis é obcecado por F. Scott Fitzgerald (1896-1940) e tem sonhos (ou melhor, pesadelos) com "O Grande Gatsby". Harrison é um saudosista fanático, que amaldiçoa a modernidade e diz sentir saudades do tempo em que mulheres não iam a universidades.

Os personagens de "Os Acompanhantes" são mais repulsivos do que interessantes. Impossível sentir empatia ou interesse por eles, de tão histriônicos, exagerados e sem graça.

É difícil escrever comédia. Saber o limite entre o farsesco e o ridículo não é para qualquer um. Infelizmente, "Os Acompanhantes" confirma essa dificuldade.

OS ACOMPANHANTES

DIREÇÃO Shari Springer Berman e Robert Pulcini
PRODUÇÃO EUA/França, 2010
ONDE Espaço Itaú Frei Caneca e Espaço Unibanco Pompeia
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO ruim

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