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Peça sem texto critica relações de poder com estética refinada

"No Pirex", do Grupo de Teatro Armatroux, mistura linguagem clown e manipulação de objeto

"Não há vítimas ou algozes nesta peça. Todos são senhores e escravos", diz Eid Ribeiro, encenador

Divulgação
A atriz Tina Dias em cena de "No Pirex"
A atriz Tina Dias em cena de "No Pirex"

GABRIELA MELLÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Encenador de destaque de Belo Horizonte, Eid Ribeiro inspira-se em "As Criadas", de Jean Genet, para compor "No Pirex", peça do Grupo de Teatro Armatrux que se apresenta amanhã e segunda.

Como no clássico contemporâneo francês, a crítica às relações de poder se instaura de forma estranha, com uma atmosfera grotesca. A estética refinada repleta de sombras, composta por diferentes tons de cinza, flerta com o expressionismo alemão.

Sem texto, "No Pirex" mistura linguagens de teatro físico, clown e manipulação de objetos para contar a história de personagens bizarros que humilham e são humilhados ao redor de uma mesa de jantar decadente.

"Não há vítimas ou algozes nesta peça. Todos são senhores e escravos, duplicidade que evita a abordagem maniqueísta", diz Ribeiro, que foi curador do FIT (Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte).

A dramaturgia de "No Pirex" nasceu das ações tragicômicas de Boquélia, a dona da casa, seu companheiro, a cozinheira e dois garçons.

As relações entre os personagens se estabeleceram a partir da maquiagem e da construção física de cada um, em dez meses de ensaio.

"Parece estranha essa composição de fora para dentro, mas foi muito bacana porque nos levou para um lugar diferente ", conta Tina Dias, que vive a dona da casa.

"Boquélia não perde a pose, apesar da decadência, e chega às últimas consequências para mostrar poder."

Segundo Ribeiro, a intenção era discutir repressão e opressão, inclusive sexual. "A patroa, por exemplo, praticamente estupra um dos garçons", diz ele.

O grupo de 21 anos de estrada está na criação do terceiro trabalho em parceria com Ribeiro, de nome provisório "Enterro do Diabo".

Previsto para estrear no ano que vem, o espetáculo também vai dispensar a fala em cena. "A gente quer abordar temas como xenofobia, racismo e fundamentalismo religioso", revela o diretor.

NO PIREX
QUANDO amanhã, às 19h, e segunda, às 20h
ONDE Oficina Cultural Oswald de Andrade (r. Três Rios, tel. 3221-5558)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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