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Crítica artes visuais

Em homenagem a Le Corbusier, filme trata dos dilemas da criação artística

DO CRÍTICO DA FOLHA

O artista francês Pierre Huygue é um dos nomes essenciais da chamada Estética Relacional, teoria criada pelo curador Nicolas Bourriaud. Segundo ele, "o papel da obra de arte não é mais criar formas imaginárias de realidades utópicas, mas em ser formas de convívio e modelos de ação dentro do mundo real".

Huygue é um dos destaques da Documenta de Kassel, na Alemanha, em cartaz até o dia 16, com uma das obras mais comentadas dessa edição: um espaço surreal no lixão do parque central da cidade, onde há de plantas alucinógenas a um cachorro passando por uma escultura cuja cabeça é uma colmeia.

"Não é Tempo de Sonhar" (2004), vídeo de Huyghe, em cartaz no Centro Universitário Maria Antonia (Ceuma), -agora em novo edifício anexo, antes utilizado pelo Instituto de Arte Contemporânea (IAC)- é um trabalho representativo de sua carreira.

A obra chegou a ser exibida por Bourriaud na Bienal de Lyon de 2005, quando foi um dos organizadores. O filme foi criado para a comemoração dos 40 anos do Carpenter Center for the Visual Arts, na Universidade de Harvard, único edifício projetado por Le Corbusier nos EUA.

Arquiteto gerador dos princípios modernistas, Le Corbusier é o personagem central de um teatro de marionetes na obra de Huygue, na qual o próprio artista se autorretrata.

No filme, ele aborda dilemas da criação, que envolvem o impulso pela liberdade autoral contra os limites impostos pelas instituições para sua realização, drama que é vivificado por um pássaro e um monstro, também bonecos no teatro de marionetes.

Com isso, "Não é Tempo de Sonhar" torna-se um poético trabalho metalinguístico sobre as negociações nem sempre tão fáceis que envolvem toda produção artística.

Contudo, não se trata de um trabalho literal. Construído com diversas camadas, o filme apresenta esse teatro de marionetes dentro de uma nova estrutura no próprio edifício de Le Corbusier, como se a reflexão sobre ele só pudesse ser realizada fora do âmbito modernista.

Entre outras possibilidades, em "Não é Tempo de Sonhar" Huygue aponta, de fato, que o sonho modernista acabou. (FC)

NÃO É TEMPO DE SONHAR
QUANDO de ter. a sex., das 10h às 21h, sáb. e dom., das 10h às 21h; até 21/10
ONDE Ceuma (r. Maria Antonia, 294, tel. 3123-5210)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO não informada
AVALIAÇÃO ótimo

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