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Mostra revisita cinema de Roberto Farias

A partir de hoje, CCBB e Cinemateca exibem toda filmografia de diretor de clássicos como "O Assalto ao Trem Pagador"

Cineasta, que filmou com Roberto Carlos e Os Trapalhões, diz que se preocupa em nunca esquecer o público

Divulgação
Roberto Carlos em cena de "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura"
Roberto Carlos em cena de "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura"

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

O CCBB de São Paulo começa hoje a mostra "Os Múltiplos Lugares de Roberto Farias", uma retrospectiva completa dos filmes desse importante cineasta brasileiro.

A mostra, que vai até o dia 16 e depois é reprisada, a partir do dia 18, na Cinemateca, traz não só os longas-metragens e filmes para TV dirigidos por Roberto Farias mas também filmes de outros cineastas, como Ana Carolina, Arnaldo Jabor e o irmão Reginaldo Farias, que contaram com a participação de Roberto Farias na equipe técnica.

"É como se o tempo não tivesse passado. Lembro-me de cada momento como se fosse hoje", disse à Folha o cineasta, que completou 80 anos em março.

Serão exibidos desde "Rico Ri à Toa" (1957), filme que marcou sua estreia no cinema, como assistente do diretor Watson Macedo, até clássicos do cinema nacional como "O Assalto ao Trem Pagador" (1962), dirigido por Farias.

Não poderiam faltar grandes sucessos de bilheteria, como a trilogia que fez com Roberto Carlos -"Em Ritmo de Aventura" (1968), "Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa" (1968) e "Roberto Carlos a 300 km por Hora" (1971).

O título da retrospectiva é perfeito. De fato, Roberto Farias é um dos homens de cinema mais ecléticos do país.

Não só fez filmes variados, de chanchadas a policiais, passando por comédias eróticas ("Toda Donzela Tem um Pai Que é Uma Fera", 1966) e filmes políticos ("Pra Frente, Brasil", 1982), como também teve importante atuação como presidente da Embrafilme, de 1974 a 1979.

No meio de todo esse ecletismo, seus filmes parecem ter uma característica comum: o apelo popular.

"Sempre tive a preocupação de jamais esquecer o público, procurando fazer um cinema de qualidade", frisa.

"Em todos meus filmes há um grande amor pelo cinema, uma vontade de realizar, sempre resguardando o direito do público de ir ao cinema para assistir a um filme honesto que não abusará da sua paciência", diz o cineasta.

TRAJETÓRIA

Sua trajetória no cinema é incomum também por passar ao largo de movimentos estéticos. Assim como fez chanchadas, trabalhou com o pessoal do cinema novo e fez filmes mais populares -além de Roberto, trabalhou também com Os Trapalhões.

"Sou mais velho que todos esses movimentos. Comecei muito antes do cinema novo, já tinha dez anos de carreira quando abri os braços para os jovens que criaram o movimento", recorda Farias.

"Foi uma experiência enriquecedora e, na prática, procurei ajudar a construir uma relação concreta entre o sonho e a realidade dos papagaios que todos tinham que pagar no banco na época."

Farias diz não ser capaz de escolher um filme favorito: "Filme é como filho, o pai gosta de todos".

Questionado sobre o cinema brasileiro atual, diz: "Hoje, há muita dependência do Estado. O cinema precisa de ar, de liberdade, de menos burocracia. O mercado é difícil, as salas são poucas, os filmes nem sempre têm qualidade comercial. São muitos filmes disputando espaço num mercado que diminuiu".

A programação completa da mostra está em mostra robertofarias.com.br.

OS MÚLTIPLOS LUGARES DE ROBERTO FARIAS
QUANDO até 16/9, no CCBB (r. Álvares Penteado, 112, tel. 3113-3651), e de 18/9 até 14/10, na Cinemateca (lgo. Senador Raul Cardoso, 207, tel. 3512-6111)
QUANTO de R$ 4 a R$ 8
CLASSIFICAÇÃO varia de acordo com o filme

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