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Balé da Cidade reestreia em dose dupla

Entre sonho e poesia, "Ter/Alado" e "Offspring" marcam fase de comemoração dos 45 anos da companhia de dança

Montagens inspiradas em "viagem astral" do coreógrafo Renato Viera ganham corpo no Theatro Municipal

João Mussolin/Divulgação
Artistas do Balé da Cidade de São Paulo ensaiam coreografia de 'Offspring', de Lukas Timulak
Artistas do Balé da Cidade de São Paulo ensaiam coreografia de 'Offspring', de Lukas Timulak

KATIA CALSAVARA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O filósofo Immanuel Kant (1724-1804) dizia que "o sonho é uma arte poética involuntária". No caso do coreógrafo carioca Renato Vieira, a máxima se consolida de fato no espetáculo "Ter/Alado", que estreia hoje com o elenco do Balé da Cidade de São Paulo no Theatro Municipal.

Não que se trate de um espetáculo narrativo ou autobiográfico, mas a inspiração no mito de Ícaro -sobre o homem em sua eterna tentativa de voar- também tem como base a experiência particular do coreógrafo.

Vieira conta que, quando menino, costumava sair do corpo enquanto dormia, fenômeno conhecido como "viagem astral".

"Nesse balé, nós investigamos essas energias que a gente não vê e as transformamos em imagens", explica o fundador da Renato Vieira Cia. de Dança, sediada no Rio. "Os bailarinos representam anjos alados, espectros, anjos da guarda e outros seres imaginários", completa.

Convidado por Lara Pinheiro, diretora do Balé da Cidade, Vieira contou com a colaboração dos próprios bailarinos na pesquisa.

"Ele se interessa pela visceralidade, pelo que transborda para além da fronteira dos corpos", diz Lara.

"Ter/Alado", dançada ao som de Villa-Lobos, não será a única estreia da noite. Outro balé é "Offspring", do esloveno Lukas Timulak, criada originalmente para a companhia Nederlands Dans Theatre em 2009 e montada no Brasil pela primeira vez.

EXPERIMENTAÇÕES

Durante cinco semanas, Timulak cuidou de todos os detalhes do espetáculo, como se estivesse criando pela primeira vez, sem a utilização direta de uma gravação em vídeo como base.

"Remontagens são uma boa oportunidade para testar em nossos corpos brasileiros um trabalho pensado para outra realidade", explica a diretora da companhia de dança paulistana.

"Offspring" é o tipo de coreografia luminosa, otimista, que fala sobre a esperança de uma vida nova, de um filho prestes a nascer.

Os figurinos de inspiração japonesa são feitos com mais de 25 tipos distintos de tecido em tons neutros como bege, cinza e branco.

A iluminação durante a peça vai do clima intimista ao mais moderno, com o auxílio de um software que reproduz efeitos de iluminação a laser.

Em 2013, o Balé da Cidade vai completar 45 anos de estrada. A agenda de comemorações já está bastante cheia com turnês nacionais e pelo exterior. Entre os planos para a data está uma nova coreografia do carioca João Saldanha, programada para estrear em julho.

Luis Arrieta também foi convocado para fazer uma releitura de "A Sagração da Primavera", obra original do russo Vaslav Nijinsky (1890-1950), cujo centenário acontecerá no próximo ano, e é considerada um marco da arte vanguardista.

Com base em textos da pesquisadora de dança Cássia Navas, uma caixa com 3 DVD's será lançada para contar a história da companhia.

As cidades de Belo Horizonte e Rio de Janeiro devem receber o repertório recente do BCSP, bem como países como Alemanha e Portugal.

BALÉ DA CIDADE DE SÃO PAULO
QUANDO hoje e amanhã, às 21h; sáb., às 20h, e dom., às 17h
ONDE Theatro Municipal de São Paulo (pça. Ramos de Azevedo, s/nº.; tel.: 3397-0300)
QUANTO de R$ 20 a R$ 60
CLASSIFICAÇÃO dez anos

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