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Artista argentino faz esculturas destinadas à destruição

Obras de Adrian Villar Rojas, que está na Bienal de Veneza e expõe agora em SP, são feitas de argila e se desmancham com o tempo

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Todas as esculturas de Adrian Villar Rojas estão se desfazendo pouco a pouco. E é isso mesmo que ele quer.
Esse artista argentino está nos holofotes do circuito global das artes visuais desde que levou ao pavilhão de seu país na Bienal de Veneza em junho uma série de esculturas gigantescas de cimento e argila que estão se esfacelando em pleno Arsenale.
Logo depois, Villar Rojas construiu nos jardins do Louvre, em Paris, uma enorme estrutura cilíndrica que terá esse mesmo fim -um desmoronar dramático e vagaroso.
"Essas obras são destinadas à destruição", contou Villar Rojas, 31, à Folha na montagem de sua mostra agora na galeria Luisa Strina, em São Paulo. "Quero saber como a arte pode chegar ao fim, o que é a ideia de arte no final da espécie humana."
Em escala monumental ou minúscula, como a de sua mostra paulistana, Villar Rojas parece encenar o roteiro de um apocalipse devastador.
"É pensar o fim do mundo como um laboratório de pensamentos", diz Villar Rojas. "Uma grande mudança foi pensar esse momento não como pano de fundo de uma história, mas um lugar ativo."
Nesse sentido, ele cria paisagens e seres que misturam mangás, ficção científica e cultura pop, num universo instável que ele compara às variações da música de Beck.
Se entre suas obras gigantes está o monolito de 40 toneladas e 90 metros em Paris e a baleia encalhada no meio de um bosque na Bienal do Fim do Mundo, em Ushuaia, na Argentina, os desenhos que mostra agora em São Paulo são tão pequenos e detalhistas que ameaçam desaparecer no espaço da galeria.
Nessa série de obras, quatro paisagens se repetem em momentos diferentes, como se retratadas ao longo de milênios, primeiro em seu apogeu e depois corroídas por um suposto fim do mundo.
Esse movimento entre gigantismo e delicadeza, ou "do sutil ao selvagem", nas palavras dele, parece respaldar a ascensão meteórica do artista no cenário global.
Depois da Bienal de Veneza, ele foi escalado para a próxima Documenta, em Kassel, na Alemanha, uma das maiores mostras de arte do mundo, em junho do ano que vem.
Não demorou e jornais argentinos já chamam Villar Rojas de "Messi da arte".

ADRIAN VILLAR ROJAS
QUANDO seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., 10h às 17h; até 3/12
ONDE Luisa Strina (r. Pe. João Manoel, 755, tel. 3088-2471)
QUANTO grátis

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