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Masp retoma arte contemporânea
Mostra de Alex Flemming, que é aberta hoje para convidados, sinaliza mudanças propostas por curador do museu
O curador Teixeira Coelho planeja que sejam abertas ainda neste ano exposições dos artistas Arthur Omar, Eder Santos e Ana Tavares
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Masp (Museu de Arte de
São Paulo) volta, a partir de hoje, a ser uma instituição que valoriza a a arte contemporânea,
com a abertura, para convidados, da exposição de Alex Flemming, 52. Paulistano radicado
em Berlim, Flemming exibe
uma nova faceta de sua produção, com 76 fotografias digitais
impressas em telas de PVC.
A opção pelos contemporâneos já é resultado da nova política artística do museu, agora
comandada por um curador
coordenador, Teixeira Coelho,
que teve boa passagem pelo
MAC-USP (Museu de Arte
Contemporânea da Universidade de São Paulo).
Coelho quer privilegiar artistas de meia-idade que não tiveram exposições ou retrospectivas de peso na cidade. O videoartista Eder Santos deve ser
o próximo, com mostra prevista para maio. No mesmo segmento, o museu programou exposições de Arthur Omar e Ana
Maria Tavares.
"O Flemming tem uma produção consistente, é convidado
para diversas exposições no exterior, mas, no Brasil, tem poucas publicações, é pouco visto e
não possui nem galeria em São
Paulo", afirma Coelho.
Geografia do corpo
Há um ano, Flemming disse à
Folha que estava "otimista"
quanto à opção pela fotografia
digital. "Depois daquelas imagens iniciais, continuei me
exercitando e não parei de fazer fotografias até o começo do
ano", conta ele.
O artista percorreu São Paulo, Brasília, Belém, Recife, Lisboa, Berlim e Jerusalém em
busca de imagens que transitassem entre os pontos tradicionais mais conhecidos -como igrejas e museus- e os mais
corriqueiros -lanchonetes,
"sushi bares", aviões, metrôs.
"Tento obter novos olhares
tanto sobre lugares sacramentados, como as igrejas, e os não-lugares que existem em todo o
mundo, como o "sushi bar'", diz
ele. "Em todos, tento remeter a
uma experiência pictórica, na
qual a beleza se apresenta em
detalhes, que podem aparecer
em mudanças mínimas de ângulos do mesmo local."
O sagrado e o "profano" se
misturam, como na montagem
de fotografias que fecha a exposição, exibindo um Cristo barroco próximo à figura de um
modelo masculino. "O corpo
tem uma característica forte de
transcendência, também presente nas fortes imagens religiosas. Fazer uma leitura conjunta é bastante político nestes
dias de neoconservadorismo",
acredita o artista.
Arquiteto de formação,
Flemming, cuja série mais famosa é "Sumaré", obra pública
na estação homônima de metrô, em São Paulo, utilizou com
sabedoria o prédio do museu,
de autoria de Lina Bo Bardi
(1914-1992). Isolou um dos andares, pintando-o de preto,
mas mantendo aberturas para
o lado de fora -o da avenida
Paulista.
Fez também com que os polêmicos cavaletes expositivos
inventados por Lina, de concreto e vidro, criassem um jogo
de transparências e reflexos.
"Coloquei os cavaletes em diversas alturas e ângulos, fazendo com que as obras dialoguem. A inteligência de Lina,
assim, permanece", diz.
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