São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2004

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ERUDITO

Pianista baiano, que se prepara para gravar com a portuguesa Maria João Pires, interpreta peça do compositor inglês

Ricardo Castro retorna com Britten e Osesp

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado) fará hoje e sábado seu primeiro programa de abril, sob a regência do maestro mexicano Enrique Barrios e com Ricardo Castro, brasileiro radicado na Europa, como solista ao piano.
Castro, 39, nasceu e estudou na Bahia e já se apresentou como solista da orquestra em 2001. Ele agora interpretará o "Concerto em Ré Maior", op.13, obra de juventude do compositor inglês Benjamin Britten (1913-1976).
Em entrevista à Folha ele revela que entre seus projetos imediatos está, já neste mês, a gravação de peças a quatro mãos em que será parceiro da pianista portuguesa Maria João Pires.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
 

Folha - Em sua passagem anterior pelo Brasil, o sr. interpretou o "Concerto nš 1" de Tchaikovski, uma peça bastante conhecida e tradicional. Qual a razão dessa guinada de agora, com Britten?
Ricardo Castro -
É algo bem menos conhecido. Eu adoro essa obra e creio que o público deveria conhecê-la também. É uma peça muito difícil para a orquestra, também muito difícil para o piano. A Osesp oferece condições ideais para essa apresentação.

Folha - Quando foi a última vez que o sr. tocou esse Britten?
Castro -
Eu o toquei com a Orquestra da Rádio de Estocolmo, alguns anos atrás.

Folha - Aqui no Brasil sabe-se pouco a seu respeito. Onde o sr. mora?
Castro -
Eu tenho um apartamento em Paris e outro na Suíça. Continuo a ter uma agenda essencialmente européia, escolhendo com muita parcimônia meus compromissos, sem uma tendência carreirista de tocar muito. Minha vida pessoal é também muito importante. Sempre me esforcei para que o pianista não engolisse a pessoa chamada Ricardo.

Folha - Como está sua agenda de gravações?
Castro -
A próxima gravação será pela Deutsche Grammophon com Maria João Pires. Começamos a gravar em abril.

Folha - Será piano a quatro mãos ou peças para dois pianos?
Castro -
A quatro mãos, e farei também Schubert, como solo.

Folha - De suas gravações quais seriam seu cartão de visitas? [Ele tem em seu catálogo compositores como Chopin, Mozart e Messiaen.]
Castro -
Na verdade, não gosto de meus discos. Não gosto de escutá-los. São todos retratos de um momento. É bom a gente ter gravações com seu desenvolvimento artístico. Só isso.

Folha - Como foi sua formação?
Castro -
Na verdade só estudei na Bahia. Saí de lá com 17 anos. Fui para a Suíça, para a França. A Inglaterra me foi importante só em razão do concurso [primeiro lugar no Leeds International Piano Competition].

Folha - Como é sua vida familiar?
Castro -
Sou divorciado e não tenho filhos.

Folha - O que o sr. gosta de ler?
Castro -
Leio muito literatura brasileira, até como forma de não perder o contato com meu idioma. Também me sinto próximo das literaturas francesa e alemã. Gosto também dos romances russos, mas sou obrigado a conhecê-los em tradução.


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