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ERUDITO
Pianista baiano, que se prepara para gravar com a portuguesa Maria João Pires, interpreta peça do compositor inglês
Ricardo Castro retorna com Britten e Osesp
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Osesp (Orquestra Sinfônica
do Estado) fará hoje e sábado seu
primeiro programa de abril, sob a
regência do maestro mexicano
Enrique Barrios e com Ricardo
Castro, brasileiro radicado na Europa, como solista ao piano.
Castro, 39, nasceu e estudou na
Bahia e já se apresentou como solista da orquestra em 2001. Ele
agora interpretará o "Concerto
em Ré Maior", op.13, obra de juventude do compositor inglês
Benjamin Britten (1913-1976).
Em entrevista à Folha ele revela
que entre seus projetos imediatos
está, já neste mês, a gravação de
peças a quatro mãos em que será
parceiro da pianista portuguesa
Maria João Pires.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
Folha - Em sua passagem anterior
pelo Brasil, o sr. interpretou o
"Concerto nš 1" de Tchaikovski,
uma peça bastante conhecida e
tradicional. Qual a razão dessa guinada de agora, com Britten?
Ricardo Castro - É algo bem menos conhecido. Eu adoro essa
obra e creio que o público deveria
conhecê-la também. É uma peça
muito difícil para a orquestra,
também muito difícil para o piano. A Osesp oferece condições
ideais para essa apresentação.
Folha - Quando foi a última vez
que o sr. tocou esse Britten?
Castro - Eu o toquei com a Orquestra da Rádio de Estocolmo,
alguns anos atrás.
Folha - Aqui no Brasil sabe-se
pouco a seu respeito. Onde o sr.
mora?
Castro - Eu tenho um apartamento em Paris e outro na Suíça.
Continuo a ter uma agenda essencialmente européia, escolhendo
com muita parcimônia meus
compromissos, sem uma tendência carreirista de tocar muito. Minha vida pessoal é também muito
importante. Sempre me esforcei
para que o pianista não engolisse
a pessoa chamada Ricardo.
Folha - Como está sua agenda de
gravações?
Castro - A próxima gravação será pela Deutsche Grammophon
com Maria João Pires. Começamos a gravar em abril.
Folha - Será piano a quatro mãos
ou peças para dois pianos?
Castro - A quatro mãos, e farei
também Schubert, como solo.
Folha - De suas gravações quais
seriam seu cartão de visitas? [Ele
tem em seu catálogo compositores
como Chopin, Mozart e Messiaen.]
Castro - Na verdade, não gosto
de meus discos. Não gosto de escutá-los. São todos retratos de um
momento. É bom a gente ter gravações com seu desenvolvimento
artístico. Só isso.
Folha - Como foi sua formação?
Castro - Na verdade só estudei
na Bahia. Saí de lá com 17 anos.
Fui para a Suíça, para a França. A
Inglaterra me foi importante só
em razão do concurso [primeiro
lugar no Leeds International Piano Competition].
Folha - Como é sua vida familiar?
Castro - Sou divorciado e não tenho filhos.
Folha - O que o sr. gosta de ler?
Castro - Leio muito literatura
brasileira, até como forma de não
perder o contato com meu idioma. Também me sinto próximo
das literaturas francesa e alemã.
Gosto também dos romances russos, mas sou obrigado a conhecê-los em tradução.
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