São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2004

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EVENTO

Projeto reunirá 45 atrações de teatro, música, dança e artes plásticas de hoje a sábado na choperia do Sesc Pompéia

Catarse destaca "trabalho de formiguinha"

MARCOS DÁVILA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

"Já basta de superstar", brada o verso da canção "Jabá", da banda paulistana DonaZica, um dos destaques da terceira edição do Catarse, que reúne cerca de 150 artistas na choperia do Sesc Pompéia, de hoje até sábado.
A letra, escrita pelas jovens compositoras Andreia Dias, Iara Rennó e Mathilda Kóvak, traduz o espírito coletivo do projeto. "Não há estrelas. São dez minutos para cada atração brilhar", diz o compositor catarinense Luiz Gayotto, 38, idealizador do Catarse.
Reunindo grupos e artistas variados como as cantoras Vange Milliet e Ceumar, os compositores Carlos Zimbher e Kléber Albuquerque, a dupla experimental Projeto Cru, o rapper Max B.O., os VJs do coletivo Embolex e a cia. Nova Dança 4, o Catarse surgiu em 2001 como um sarau de MPB entre amigos.
Gayotto tinha duas datas marcadas para se apresentar no teatro Crowne Plaza, mas resolveu fazer diferente: convidou seus amigos que normalmente se reuniam "para fazer um som na casa de um e de outro" e montou um espetáculo coletivo, com números no palco e na platéia.
A catarse deu certo e, em 2003, a segunda edição ganhou apoio do Sesc Pompéia. "Muita gente começou a me procurar para participar, e eu acabei virando o curador meio a contragosto, porque sempre estou correndo atrás dos curadores também", brinca Gayotto, que diz selecionar artistas que têm "trabalho de formiguinha". "São aqueles que não param um minuto, mas não são vistos pelo grande público nem pela mídia", afirma.
A vida de artista underground, no entanto, já dá sinais de desgaste: "Não interessa para a gente ser eternamente a cena alternativa de São Paulo. Queremos o mercado também", afirma o cantor Charlô, 48, diretor do festival desde a segunda edição e líder do grupo Makumbacyber, que abre a noite de hoje.
"Está caindo em desuso o artista que faz só um trabalho. O que interessa é um potencializar o outro. Os baianos se ajudam até hoje", continua Charlô, se referindo a artistas consagrados como Gal Costa e Caetano Veloso.

Sem parar
Desde o início, a idéia do Catarse é não deixar pausas entre uma atração e outra. Por isso o evento conta com dois palcos, um de frente para o outro, com apresentações intercaladas.
Como nas edições anteriores, a MPB ainda dá o tom ao festival, mas o Catarse 2004 está mais eclético -misturando rock, pop, rap, música eletrônica e multimídia- ,com VJs, poetas, grupos de dança e de teatro, além da participação do artista plástico Júlio Docsjar, que irá criar uma tela a cada noite, e do Ecosfile, um desfile com roupas feitas de materiais recicláveis. Aliás, o tema do Catarse neste ano é "Recicle-se. É para Reciclar o Lixo Interno e Externo".


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