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EVENTO
Projeto reunirá 45 atrações de teatro, música, dança e artes plásticas de hoje a sábado na choperia do Sesc Pompéia
Catarse destaca "trabalho de formiguinha"
MARCOS DÁVILA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
"Já basta de superstar", brada o
verso da canção "Jabá", da banda
paulistana DonaZica, um dos destaques da terceira edição do Catarse, que reúne cerca de 150 artistas na choperia do Sesc Pompéia,
de hoje até sábado.
A letra, escrita pelas jovens
compositoras Andreia Dias, Iara
Rennó e Mathilda Kóvak, traduz
o espírito coletivo do projeto.
"Não há estrelas. São dez minutos
para cada atração brilhar", diz o
compositor catarinense Luiz Gayotto, 38, idealizador do Catarse.
Reunindo grupos e artistas variados como as cantoras Vange
Milliet e Ceumar, os compositores Carlos Zimbher e Kléber Albuquerque, a dupla experimental
Projeto Cru, o rapper Max B.O.,
os VJs do coletivo Embolex e a cia.
Nova Dança 4, o Catarse surgiu
em 2001 como um sarau de MPB
entre amigos.
Gayotto tinha duas datas marcadas para se apresentar no teatro
Crowne Plaza, mas resolveu fazer
diferente: convidou seus amigos
que normalmente se reuniam
"para fazer um som na casa de um
e de outro" e montou um espetáculo coletivo, com números no
palco e na platéia.
A catarse deu certo e, em 2003, a
segunda edição ganhou apoio do
Sesc Pompéia. "Muita gente começou a me procurar para participar, e eu acabei virando o curador meio a contragosto, porque
sempre estou correndo atrás dos
curadores também", brinca Gayotto, que diz selecionar artistas
que têm "trabalho de formiguinha". "São aqueles que não param um minuto, mas não são vistos pelo grande público nem pela
mídia", afirma.
A vida de artista underground,
no entanto, já dá sinais de desgaste: "Não interessa para a gente ser
eternamente a cena alternativa de
São Paulo. Queremos o mercado
também", afirma o cantor Charlô,
48, diretor do festival desde a segunda edição e líder do grupo
Makumbacyber, que abre a noite
de hoje.
"Está caindo em desuso o artista
que faz só um trabalho. O que interessa é um potencializar o outro. Os baianos se ajudam até hoje", continua Charlô, se referindo
a artistas consagrados como Gal
Costa e Caetano Veloso.
Sem parar
Desde o início, a idéia do Catarse é não deixar pausas entre uma
atração e outra. Por isso o evento
conta com dois palcos, um de
frente para o outro, com apresentações intercaladas.
Como nas edições anteriores, a
MPB ainda dá o tom ao festival,
mas o Catarse 2004 está mais eclético -misturando rock, pop, rap,
música eletrônica e multimídia-
,com VJs, poetas, grupos de dança e de teatro, além da participação do artista plástico Júlio Docsjar, que irá criar uma tela a cada
noite, e do Ecosfile, um desfile
com roupas feitas de materiais recicláveis. Aliás, o tema do Catarse
neste ano é "Recicle-se. É para Reciclar o Lixo Interno e Externo".
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