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Conjunto de histórias apresenta "autópsia" da cidade de São Paulo
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
Michel Favre e Fabiana de
Barros, diretor e roteirista
de "Ouvindo Imagens" -documentário do festival É Tudo Verdade- criaram um dispositivo
especial para que a proposta do
filme se realizasse. Trata-se de um
carro que circula pela cidade de
São Paulo, como um táxi. Em vez
de pagar pela corrida, o passageiro que entra no "Auto Psi" precisa
contar uma história diante da câmera, a partir de algumas imagens que lhe são mostradas.
A prática é correlata a uma técnica do psicólogo Henry Murray.
Uma advertência, porém, explica
que as histórias não têm função
terapêutica, e que as imagens foram tomadas com a ciência dos
participantes. Ou seja: não estamos nem no domínio da psicologia nem no das câmeras escondidas ou das "pegadinhas".
"A idéia é fazer uma obra imaterial, que só vai acontecer na cabeça de quem está ouvindo as imagens", diz Barros, que não "guia"
o carro, mas co-dirige o filme com
Favre, na medida em que fica ao
lado do passageiro e mostra, só
para ele (e nunca para a câmera)
as imagens que serão o ponto de
partida das histórias narradas. A
idéia é que o conjunto dessas histórias funcione como uma "autópsia" da cidade, que teria suas
entranhas reveladas por seus habitantes nesse momento de passagem. Acompanhando o "Auto
Psi" está sempre outro carro com
uma câmera, colhendo imagens e
sons da cidade.
O "Auto Psi" não busca passageiros a esmo. São viagens combinadas, que garantem a passagem
pelo banco do carro de anônimos,
famosos (como o cineasta Hector
Babenco) e jornalistas da Folha
(Alcino Leite Neto, Marcos Augusto Gonçalves e Barbara Gancia). Todos deixam a imaginação
ser tocada pelo estímulo das imagens e inventam suas breves narrativas.
Há ainda uma entrevista com o
professor de psicologia da Universidade do Tenessee, Wesley
Morgan, que, ao estudar a técnica
de Murray, decidiu fazer uma
pesquisa para descobrir de onde o
psicólogo havia retirado as imagens que passaram a formar sua
terapia. Durante a pesquisa, Murray reuniu revistas que passaram
a formar, além de uma espécie de
"genealogia" do método, um arquivo iconográfico dos EUA de
meados do século passado.
Ouvindo Imagens
Quando: hoje, às 16h30, na galeria Olido
(av. São João, 473, tel. 3331-7703)
Quanto: entrada franca
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