São Paulo, sábado, 01 de abril de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Conjunto de histórias apresenta "autópsia" da cidade de São Paulo

PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA

Michel Favre e Fabiana de Barros, diretor e roteirista de "Ouvindo Imagens" -documentário do festival É Tudo Verdade- criaram um dispositivo especial para que a proposta do filme se realizasse. Trata-se de um carro que circula pela cidade de São Paulo, como um táxi. Em vez de pagar pela corrida, o passageiro que entra no "Auto Psi" precisa contar uma história diante da câmera, a partir de algumas imagens que lhe são mostradas.
A prática é correlata a uma técnica do psicólogo Henry Murray. Uma advertência, porém, explica que as histórias não têm função terapêutica, e que as imagens foram tomadas com a ciência dos participantes. Ou seja: não estamos nem no domínio da psicologia nem no das câmeras escondidas ou das "pegadinhas".
"A idéia é fazer uma obra imaterial, que só vai acontecer na cabeça de quem está ouvindo as imagens", diz Barros, que não "guia" o carro, mas co-dirige o filme com Favre, na medida em que fica ao lado do passageiro e mostra, só para ele (e nunca para a câmera) as imagens que serão o ponto de partida das histórias narradas. A idéia é que o conjunto dessas histórias funcione como uma "autópsia" da cidade, que teria suas entranhas reveladas por seus habitantes nesse momento de passagem. Acompanhando o "Auto Psi" está sempre outro carro com uma câmera, colhendo imagens e sons da cidade.
O "Auto Psi" não busca passageiros a esmo. São viagens combinadas, que garantem a passagem pelo banco do carro de anônimos, famosos (como o cineasta Hector Babenco) e jornalistas da Folha (Alcino Leite Neto, Marcos Augusto Gonçalves e Barbara Gancia). Todos deixam a imaginação ser tocada pelo estímulo das imagens e inventam suas breves narrativas.
Há ainda uma entrevista com o professor de psicologia da Universidade do Tenessee, Wesley Morgan, que, ao estudar a técnica de Murray, decidiu fazer uma pesquisa para descobrir de onde o psicólogo havia retirado as imagens que passaram a formar sua terapia. Durante a pesquisa, Murray reuniu revistas que passaram a formar, além de uma espécie de "genealogia" do método, um arquivo iconográfico dos EUA de meados do século passado.


Ouvindo Imagens
Quando:
hoje, às 16h30, na galeria Olido (av. São João, 473, tel. 3331-7703)
Quanto: entrada franca


Texto Anterior: É Tudo Verdade: Filme retrata jornada de Luís Sérgio Person
Próximo Texto: Eletrônica: Manga Rosa recebe DJs de tecno e trance
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.