São Paulo, quinta-feira, 01 de junho de 2006

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Mehldau toca Radiohead e Beatles

Divulgação
O pianista de jazz Brad Mehdau, que se apresenta pela quarta vez no Brasil a partir de amanhã


Com improvisos jazzísticos, ele recria "Knives Out", da banda pop inglesa, e antigas canções do quarteto de Liverpool

Pianista americano mostra, no Auditório Ibirapuera, de amanhã até domingo, o repertório dos álbuns "Day Is Done" e "House on Hill"

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Não é à toa que, desde 2000, quando encantou a platéia do Heineken Concerts, o pianista Brad Mehldau já tocou outras duas vezes em São Paulo. E volta a se apresentar de sexta a domingo, no Auditório Ibirapuera. Graças ao carisma e à inventiva concepção musical desse jazzista norte-americano, seu fã-clube não pára de crescer, tanto aqui como no exterior. Mehldau é um dos poucos músicos, atualmente, que conseguem reunir público de gerações bem diversas, de jovens fãs do rock a quarentões apreciadores do jazz. Claro que a diversidade de seu repertório ajuda: inclui não só standards jazzísticos, como hits do rock e do pop ou até pérolas da bossa nova. Mesmo quem acompanhou a impressionante apresentação de Mehldau no Tim Festival de 2004 não corre o risco de vê-lo se repetir. Além de ter um novo integrante em seu trio (o baterista Jeff Ballard, que se junta ao baixista Larry Grenadier), ele traz o repertório dos álbuns "Day Is Done" (de 2005), ainda inédito no Brasil, e "House on Hill", que a gravadora Nonesuch anuncia para o final de junho, nos Estados Unidos. Em "Day Is Done", Mehldau mostra mais uma vez que, em seu universo musical, podem conviver gêneros supostamente desconexos. Com improvisos bem jazzísticos, ele recria "Knives Out", da banda inglesa de rock Radiohead, assim como injeta suavidade no hit pop "Alfie", de Burt Bacharach. Também continua descobrindo novas belezas melódicas e harmônicas em antigas canções dos Beatles ("Martha My Dear", "She's Leaving Home") e de Paul Simon ("50 Ways to Leave Your Lover"), além de exibir composições próprias. "Há muita música para se extrair. O jazz não tem mais qualquer relação clara com um tipo específico de música popular, como já houve. Isso é bom. Significa mais opções, possibilidades", disse à Folha, em 2000. Bem mais intelectualizado do que a grande maioria de seus colegas de profissão, Mehldau costuma citar o crítico literário Harold Bloom, ou filósofos como Schopenhauer, Goethe e Nietzsche, em textos de apresentação de discos e em suas raras entrevistas. Nelas, não esconde uma certa irritação quando seu estilo musical é comparado aos dos pianistas Bill Evans e Lennie Tristano. Mehldau começou a estudar piano e música clássica aos seis anos. Nessa área, admite que seu compositor favorito é Brahms. Já o jazz somente entrou em sua vida aos 11 anos, quando ganhou um disco do pianista Oscar Peterson. Como jazzista, despontou em 1994, no grupo do saxofonista Joshua Redman. No ano seguinte formou um coeso trio com Larry Grenadier e o baterista Jorge Rossy, que o acompanharam durante uma década. Suas gravações também já apareceram em trilhas de filmes, como "De Olhos Bem Fechados" (de Stanley Kubrick) e "Cowboys do Espaço" (de Clint Eastwood).
CARLOS CALADO é jornalista e crítico de música, autor do livro "O Jazz como Espetáculo", entre outros


BRAD MEHLDAU
Quando: hoje e sábado, às 20h30; e domingo, às 21h Onde: Auditório Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nš, pq. Ibirapuera, tel. 6846-6000) Quanto: R$ 15 (meia) e R$ 30



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