Inspirada nos esportes, "Lonesome Cowboy", de Philippe Saire, vem a SP

Para coreógrafo, masculinidade ainda busca uma identidade; espetáculo segue para Brasília e Porto Alegre

AMANDA QUEIRÓS
DE SÃO PAULO

A condição da mulher, do negro e do homossexual já pautou vários debates. Para o coreógrafo suíço Philippe Saire, no entanto, agora é hora de falar sobre outro assunto: a condição masculina. Em "Lonesome Cowboy" (caubói solitário), que tem apresentações hoje e amanhã no Sesc Santana, o coreógrafo aborda justamente o que restou do homem após todas essas discussões. "É uma problemática atual. Falar da condição masculina é falar da condição humana e de tentar compreender sua complexidade. O homem de hoje busca constantemente fincar uma nova posição, após já ter sido vinculado à imagem do macho, do paizão protetor, do metrossexual...", disse Saire. O coreógrafo partiu de questões como seu desejo de dominação e sua necessidade de integração. Nisso, os movimentos buscaram inspiração no universo esportivo, "um dos poucos em que resistem grupos inteiramente masculinos". "São microssociedades em que a virilidade é exaltada como virtude", afirmou. O espetáculo é composto por dois momentos. No primeiro, cinco bailarinos discutem temas como solidariedade e espírito gregário. Em seguida, um duo ocupa o palco, evocando imagens de domínio e força. O trabalho, criado em 2009, foi inspirado no livro "XY", de Elisabeth Badinter, ainda sem tradução. De São Paulo, ele segue em turnê, sendo apresentado no Cena Contemporânea, em Brasília, e no Porto Alegre em Cena.