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São Paulo, domingo, 02 de fevereiro de 2003

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Localizados a alguns quilômetros do centro da capital, restaurantes reforçam a atmosfera bucólica e têm cardápios de inspirações diversas

Nem tão longe assim

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Arrumadinho servido pelo restaurante Aldeia da Serra, em Santana de Parnaíba


JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA

É possível comer num ambiente bucólico em São Paulo, mesmo sem ir necessariamente ao campo. Nos arredores da cidade, e até mesmo dentro dela, alguns locais trazem uma atmosfera campestre mesmo que não em paisagens exatamente rurais com extensas plantações ou vastas pastagens para o gado.
Mas não é preciso muito para desanuviar um pouco a retina dos paulistanos: uma pitada de verde, um ar com cheiro de ar, de grama e de flores já ajuda a criar a relaxante fantasia da volta à natureza. Ainda que por poucas horas, no breve intervalo entre os enfrentamentos de estradas poluídas de fumaça e barulho.
Alguns desses restaurantes lembram a rusticidade da vida do campo. É o caso do Fazenda Vale Verde. Ali nada lembra revistas de decoração tipo "town and country": ao contrário, é o cenário rude de uma fazenda interiorana. Fica às margens da cidade, à beira de uma estradinha, e do seu galpão se avista a encosta da fazenda, enquanto se bebe cachaça de barril e se prova a comida paulista (carnes assadas no forno, não na grelha; feijão, tutu e pastel). Tudo servido num extenso bufê, que inclui frutos do mar às sextas e feijoada aos sábados.
O mais novo dos membros dessa turma semi-rural é também o mais pitoresco: o Aldeia Cocar. Localizado numa área verde de 8.000 m2 em Santana de Parnaíba (a 42 km de São Paulo), o restaurante oferece atividades ligadas à natureza (como um passeio que se faz por uma trilha suspensa na altura da copa das árvores e passeios a cavalo) e tem decoração de inspiração indígena.
A cozinha é eclética: vai do churrasco a pratos com ingredientes nativos, com sugestões como o arrumadinho (carne-seca desfiada com purê de abóbora e couve) e o curau com calda de canela. Além do bacalhau, que foi especialidade do casal que morou na pequena casa existente no terreno antes da chegada dos atuais proprietários.
Também pitoresca é a situação do restaurante Barone. Ele fica num casarão datado de 1905, atrás da pacata pracinha da igreja de Santana de Parnaíba, de onde se avistam os campos ao longe. Mais brejeiro impossível.
Mas a cozinha não é a interiorana: os pratos têm filiação européia, como o peito de pato com pêra ao licor de cassis. E neste verão é oferecido um cardápio mediterrâneo, com receitas leves, como salada de melão com gelatina de morango, presunto de Parma e folhas verdes ao molho cítrico.
De inspiração também européia na cozinha e no ambiente é o Félix Bistrot, na Granja Viana. Ele parece calcado nos restaurantes de Relais et Châteaux que se encontram no interior rico da Europa: uma casa linda, uma bela piscina, jardim florido... e pratos rebuscados, bonitos e apetitosos, de ascendência franco-italiana.
Servidos na sala ou no terraço à beira da piscina, eles podem ser uma posta de robalo ao molho de frutos do mar com cuscuz marroquino, uma perdiz marinada ao vinho do Porto com risoto de arroz selvagem, ou um macio jarret de veau (canela do vitelo) com legumes.
Mas se o tempo é curto, nem é preciso ir tão longe. São Paulo tem uma pequena fazenda aqui dentro. E em sua antiga e majestosa sede, construída pelo regente Feijó em 1813, fica o restaurante Casa da Fazenda do Morumbi, cercado por jardins que pertenceram à propriedade original, uma enorme fazenda de chá bem distante do centro da cidade.
Há mesas no salão restaurado e no terraço (que só não é bom com muito calor) e pratos de cozinha internacional, como risoto de frutos do mar e costeletas de cordeiro com ervas.



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