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TEATRO
"Sobre a Arte de Cortar Bifes", de Hugo Possolo, e "Ato sem História", de Luís Alberto de Abreu, encerram projeto
Ágora mostra mais dois textos criados em seminário
PEDRO IVO DUBRA
DA REDAÇÃO
Depois de pôr a mesa para o chá
e exumar fantasmas de tempos
menos auspiciosos, é hora de o
Ágora mostrar como se fatiam
nacos de carne e contar uma história sem história, pouco linear.
"Sobre a Arte de Cortar Bifes" e
"Ato sem História", textos de Hugo Possolo e Luís Alberto de
Abreu, respectivamente, estréiam
hoje no teatro da rua Rui Barbosa.
A eles precederam "Cor de
Chá", monólogo de Noemï Marinho sobre dilemas da geração estacionada nos 40, e "Pai ", "melodrama intencional" de Izaías Almada acerca dos desaparecidos
políticos sob o regime militar.
As duas novas montagens dão
seguimento à mostra "Ágora Dramaturgias". E, ao mesmo tempo,
rematam a iniciativa, derivada do
seminário vencedor do Prêmio
Shell 2001 categoria especial. Havia previsão de mais três textos.
"Sobre a Arte de Cortar Bifes",
de Hugo Possolo (do grupo Parlapatões, Patifes e Paspalhões), é
uma comédia nonsense que mostra três açougueiros numa câmara
frigorífica a discutir as razões do
ofício e os porquês de cada qual
dar cortes distintos às carnes.
"O texto é metáfora de qualquer
atividade humana", diz Possolo,
39. "É uma viagem leve pela arte,
mas é também uma coisa meio
baixa, com a qual também me
identifico muito", emenda, brincalhão, ao acrescentar que os homens estão interessados na "gostosona" que trabalha com eles.
"Fui buscar uma encenação
com bases nas comédias do circo-teatro", completa Jairo Mattos,
39, diretor e ator do espetáculo.
Apresentado logo em seguida a
"Sobre a Arte...", "Ato sem História", de Luís Alberto de Abreu
(dramaturgo de "O Livro de Jó"),
prossegue o que Abreu, 50, chama
de "teatro narrativo".
Fragmentário, com toques do
teatro nô japonês, "Ato sem História" mostra como personagens
um homem que fala demais, outro que sabe muito e um desmemoriado. Completa o grupo uma
mulher misteriosa.
"A encenação serve a esse conceito de teatro narrativo, no qual o
ator narra os acontecimentos e, às
vezes simultaneamente, às vezes
sequencialmente, representa a cena", explica Roberto Lage, 55, diretor de "Ato...".
ÁGORA DRAMATURGIAS. "Sobre a Arte
de Cortar Bifes" - texto: Hugo Possolo.
Direção: Jairo Mattos. Com: Ana Paula
Aquino, Gilmar Guido, Jairo Mattos e
Ricardo Rathsam. "Ato sem História" -texto: Luís Alberto de Abreu. Direção:
Roberto Lage. Com: Ciça Carvalho Pinto,
Maurício Inafre, Charles Geraldi, Camilo
Brunelli. Onde: Ágora (r. Rui Barbosa,
672, tel. 3284-0290). Quando: "Sobre a
Arte de Cortar Bifes" - de qui. a sáb., 21h,
e dom., 19h. "Ato sem História" - de qui. a
sáb., 22h30, e dom., 20h30; até 26/5.
Quanto: R$ 10 (R$ 15 pelas duas peças).
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