São Paulo, domingo, 02 de junho de 2002
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Orquestra de rádio da Dinamarca retoma temporada de concertos no Ibirapuera Ondas escandinavas
IRINEU FRANCO PERPETUO FREE-LANCE PARA A FOLHA Velho conhecido do público brasileiro, o regente alemão Gerd Albrecht, 66, retoma, neste domingo, às 11h, a temporada de concertos internacionais ao ar livre no parque Ibirapuera. Albrecht se apresenta à frente da Orquestra Sinfônica Nacional da Dinamarca, da qual é regente principal desde 98. No programa, compositores escandinavos como Grieg e Sibelius, além do repertório romântico alemão: Wagner, Brahms e Beethoven, do qual será executado o último movimento do concerto para violino, com solos do alemão Frank Peter Zimmermann, 37. "Zimmermann é como um filho para mim", afirma Albrecht. "Ele tocou comigo pela primeira vez quando tinha 14 anos e sua primeira turnê européia também foi sob minha regência, com a Orquestra de Bamberg." Hoje, o violinista alemão, que grava pela EMI, é um dos mais destacados nomes em seu instrumento. Dono de estilo despojado e de técnica impecável, apresentou-se no Brasil em 97, manuseando um Stradivarius de 1706. Amanhã, na Sala São Paulo, Zimmermann toca o concerto inteiro de Beethoven com a orquestra nórdica. O programa é complementado pelo poema sinfônico impressionista "Pan og Syrinx", escrito em 1917 pelo compositor nacional dinamarquês, Carl Nielsen (1865-1931); e pela segunda sinfonia de Brahms. Para Albrecht, esse repertório alemão do século 19 é aquele em que sua sinfônica se sente mais à vontade: "A orquestra tem 76 anos de idade, e era uma das favoritas do grande maestro alemão Fritz Busch (1890-1951), que foi reger na Dinamarca para escapar dos nazistas. O resultado é que eles tocam Brahms como uma orquestra de Viena ou de Berlim". O maestro destaca, como característica do grupo de 99 instrumentistas, além da baixa média de idade, a facilidade para leitura à primeira vista: "Como membros de uma orquestra de rádio, eles têm de fazer muita música contemporânea e conseguem aprender em duas horas uma obra que outras orquestras levariam dois dias para assimilar". Filho do musicólogo alemão Hans Albrecht, o regente teve como principais cargos de sua carreira a direção musical da Deutsche Oper, de Berlim, e da Orquestra Tonhalle, de Zurique (Suíça). Comprometido com a música do século 20, fez primeiras audições de diversas obras de compositores importantes, como György Ligeti, Hans Werner Henze e Aribert Reimann. Tendo regido como convidado nas principais orquestras do planeta, lembra-se de ter vindo ao Brasil "umas sete ou oito vezes; regi a Orquestra Sinfônica Brasileira por volta de 1968, no Rio". "Todos os jornais dizem que a Argentina está em crise, mas não vi sinais disso por aqui", disse o regente, por telefone, de Buenos Aires, onde fez dois concertos. "O público é maravilhoso, e tocamos no Teatro Colón com casa cheia." Atualmente, passa dois meses e meio do ano em Copenhague, com a Orquestra Sinfônica Nacional da Dinamarca, e três períodos de três semanas cada em Tóquio, onde é regente principal, desde 98, da Orquestra Yomiuri. Pelo selo Chandos, está fazendo uma extensiva série de gravações da integral da música de Brahms para coro e orquestra. O segredo de conseguir gravar em um mercado em crise? Nas palavras do próprio regente, "você tem que ser esperto". "Há que se fugir das grandes gravadoras e procurar as pequenas, que têm interesse em um repertório alternativo", afirma. "Não há sentido em querer fazer "Tosca" e "Traviata" uma centena de vezes." ORQUESTRA SINFÔNICA NACIONAL DA DINAMARCA - Gerd Albrecht (regente) e Frank Peter Zimmermann (violino). Quando: hoje, às 11h. Onde: parque Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nš, Ibirapuera, região sul,). Quanto: entrada franca. Quando: amanhã, às 21h. Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nš, Campos Elíseos, região central, tel. 3337-5414). Quanto: de R$ 85 a R$ 240. Próximo Texto: Frase Índice |
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