Peça "Aqui Ninguém É Inocente" é inspirada em textos de Voltaire de Souza

DA REPORTAGEM LOCAL

Do teatro para a rua. Da rua para o teatro. É a mão dupla de "Aqui Ninguém É Inocente", parceria das companhias Atelier de Manufactura Suspeita e Linhas Aéreas, sob direção de Maurício Paroni de Castro.
O ponto de partida é o Espaço dos Satyros Um, na praça Roosevelt, onde o espetáculo estréia hoje. Mas ele começa do lado de fora. A platéia é dividida em grupos que vão atrás de personagens como Gilvanka, a bela morena que não é prostituta; Gilberto Madeira, empresário humanista; Fergusson, um tipo da rua; Elpídio, professor de história e ex-petista; Gisela Monti, empresária do ramo de uniformes; e Kuko Jimenez, estilista argentino.
A inspiração vem das crônicas do jornal "Agora" assinadas por Voltaire de Souza, pseudônimo do jornalista Marcelo Coelho, colunista da Folha.
Segundo a intérprete Ziza Brisola, da Linhas Aéreas, o público experimenta como cúmplice-observador um exercício de "deriva" (técnica que coloca o ator em contato próximo e integrado à população da cidade, por meio de ações que acontecem em espaços públicos). "Somos todos autores: aqui ninguém é inocente", escreve Brisola. De volta ao teatro, os personagens lembram histórias e tiram dúvidas do público.
Essa parte final acontece na sala dos Satyros. Uma carroça e seis painéis em que estão retratados os personagens em tamanho natural compõem o cenário "interno". O espetáculo é resultado da pesquisa de dramaturgia desenvolvida durante sete meses no projeto "Voltaire de Souza - O Intelectual Periférico", contemplado pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro.
Além da montagem, haverá o lançamento, na terça-feira, do livro "Aqui Ninguém É Inocente", que documenta o trabalho de criação. Segundo os organizadores, a publicação será distribuída gratuitamente a bibliotecas públicas e escolas de teatro.