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Crítica/"Gamer"
Misto de jogo e reality show esquece o lado humano
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Para a indústria do entretenimento, que hoje espalha seus tentáculos
por terrenos antes insuspeitos
(como o do jornalismo), "Gamer" apresenta um mundo dos
sonhos, no qual o Estado é parceiro de negócios bem sucedidos que geram fortunas privadas e público cativo.
Em futuro próximo, milhões
de espectadores acompanham,
graças a telas que se multiplicam por todos os espaços sociais, a luta pela sobrevivência
dos jogadores do programa
"Slayers" (assassinos), cujo
conceito combina a lógica dos
videogames com a dos reality
shows.
Prisioneiros "emprestados"
pelo governo norte-americano
aos produtores, eles disputam
jogo mortal diante de câmeras,
mas não têm autonomia de movimentos, controlados a distância por cidadãos comuns que
adquiriram esse direito e, se estiverem dispostos, podem comercializá-lo.
O passe mais valioso é o do
principal "slayer" (Gerard Butler, de "300"), muito próximo
de superar todas as etapas do
jogo e reconquistar a liberdade.
Seu êxito não interessa, contudo, ao gênio da tecnologia
(Michael C. Hall, do seriado "A
Sete Palmos") responsável pelo
programa.
Enquanto o mocinho luta pela redenção e o vilão quer ser
uma espécie de Deus bem remunerado em sociedade pautada por experiências virtuais,
"Gamer" imagina um universo
que lembra remotamente o de
"Matrix", mas sem pano de fundo filosófico. Aqui, o que faz o
homem e a ciência caminharem é a cobiça.
Escrita e dirigida por Mark
Neveldine e Brian Taylor
("Adrenalina"), essa aventura
de ficção científica recorre a cenas violentas de ação e investe
na imaginação tecnológica,
mas não faz o mesmo com alguns personagens e a matriz
humana de seus movimentos.
Avaliação: regular
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