São Paulo, sábado, 03 de outubro de 2009

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Crítica/"Gamer"

Misto de jogo e reality show esquece o lado humano

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Para a indústria do entretenimento, que hoje espalha seus tentáculos por terrenos antes insuspeitos (como o do jornalismo), "Gamer" apresenta um mundo dos sonhos, no qual o Estado é parceiro de negócios bem sucedidos que geram fortunas privadas e público cativo.
Em futuro próximo, milhões de espectadores acompanham, graças a telas que se multiplicam por todos os espaços sociais, a luta pela sobrevivência dos jogadores do programa "Slayers" (assassinos), cujo conceito combina a lógica dos videogames com a dos reality shows.
Prisioneiros "emprestados" pelo governo norte-americano aos produtores, eles disputam jogo mortal diante de câmeras, mas não têm autonomia de movimentos, controlados a distância por cidadãos comuns que adquiriram esse direito e, se estiverem dispostos, podem comercializá-lo.
O passe mais valioso é o do principal "slayer" (Gerard Butler, de "300"), muito próximo de superar todas as etapas do jogo e reconquistar a liberdade.
Seu êxito não interessa, contudo, ao gênio da tecnologia (Michael C. Hall, do seriado "A Sete Palmos") responsável pelo programa.
Enquanto o mocinho luta pela redenção e o vilão quer ser uma espécie de Deus bem remunerado em sociedade pautada por experiências virtuais, "Gamer" imagina um universo que lembra remotamente o de "Matrix", mas sem pano de fundo filosófico. Aqui, o que faz o homem e a ciência caminharem é a cobiça.
Escrita e dirigida por Mark Neveldine e Brian Taylor ("Adrenalina"), essa aventura de ficção científica recorre a cenas violentas de ação e investe na imaginação tecnológica, mas não faz o mesmo com alguns personagens e a matriz humana de seus movimentos.

Avaliação: regular



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