Companhia clássica Moscow City Ballet mostra o conto de fadas coreográfico "Cinderela" em duas apresentações

Ex-solista do Bolshoi, Victor Smirnov-Golovanov, criador da coreografia, critica a profusão de companhias russas "barateiras" em turnê

Divulgação

Bailarinos da Moscow City Ballet, companhia criada em 1988 por um ex-solista do Bolshoi Ballet

ADRIANA PAVLOVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se já faz tempo que os brasileiros não assistem ao vivo ao Kirov ou ao Bolshoi, as duas principais companhias russas de balé, já passaram por aqui neste ano, em compensação, uma seqüência de representantes menos famosos desta escola clássica. Depois do Russian State Ballet e do St. Petersburg Ballet Theatre, agora é a vez do Moscow City Ballet mostrar se merece ou não ser comparado às duas clássicas companhias.
O grupo, fundado há 20 anos por Victor Smirnov-Golovanov, ex-solista do Bolshoi, apresenta hoje e amanhã no Teatro Municipal o conto de fadas "Cinderela". O próprio Smirnov-Golovanov é crítico diante da profusão de companhias de balé clássico exportadas para o mundo por seu país. "Concordo que há muitas companhias russas que infelizmente não exibem a mesma qualidade que nos tornou famosos no mundo, apesar dos ótimos bailarinos que ainda existem em nosso país", diz ele, apontando outro problema.
"Há um mercado para estas companhias mais barateiras, que faz com que grupos de pouca qualidade viajem pelo mundo. E quem sofre é o público." A versão de "Cinderela" do Moscow City Ballet é assinada pelo próprio diretor artístico da companhia, que deu a este conto de fadas um toque mais bem-humorado do que é costume. As irmãs malvadas e a madrasta perversa ganham ares mais cômicos, embaladas pela música de Prokofiev.
Dividido em dois atos, o espetáculo tem como ponto alto a cena do baile, no qual o príncipe vê Cinderela com sua melhor roupa de festa (depois da ajuda da fada-madrinha). Ali, há uma série de solos, nos quais os bailarinos mostram a tão celebrada técnica russa, com muitos giros e elevações.