São Paulo, segunda-feira, 03 de dezembro de 2007

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Crítica/ "Eu e as Mulheres"

Filho de Kasdan perde-se em imagens de telefilmes familiares dos anos 80

PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um pai pode legar um patrimônio a seu filho. Mas um diretor jamais conseguirá doar um cinema, um jeito de construir imagens. Jon Kasdan, filho de Lawrence Kasdan, não honra o primeiro filme rodado pelo pai ("Corpos Ardentes") em "Eu e as Mulheres", sua estréia na direção.
Neste filme, Carter Webb (Adam Brody) é o jovem roteirista que leva um fora da namorada e decide sair de Los Angeles para cuidar da avó (Olympia Dukakis) no Michigan. A idéia é desenvolver seu projeto de ser escritor sério, mas, como estamos numa comédia dramática afinada com as relações humanas, Carter fará amizade com a casa da frente.
As coisas ficarão no nível dos diálogos e passeios com o cãozinho pelas sossegadas ruas, uma verdadeira sessão de análise com a bela e carente vizinha, Sarah (Meg Ryan), abrindo-se para o rapaz sobre o abismo entre ela e a filha, e esta também pedindo conselhos a ele. Isso rende o esperado numa dramaturgia de telefilmes ordinários, que é ficar na superficialidade, e faz com que a atração de Carter por Sarah, por exemplo, torne-se uma troca de carinhos bastante recatada.
O que seria diferente com Lawrence Kasdan. Em seu primeiro filme, já havia uma visão mais aguda sobre a relação entre sexos. Uma pertinência conjugada com imagens minimamente criativas, diálogos bem construídos (Kasdan foi um dos roteiristas de "Caçadores da Arca Perdida"), situações cruciais mesmo que triviais. "Eu e as Mulheres" é um filme de gênero que fala sobre as humanidades e tem no diálogo o seu norte, mas a visão pouco profunda do diretor coaduna-se com suas imagens de telefilme familiar dos anos 80.


EU E AS MULHERES
Diretor:
Jon Kasdan
Produção: EUA, 2007
Com: Elena Anaya, Adam Brody e Meg Ryan
Onde: a partir de hoje nos cines Kinoplex Itaim, Frei Caneca Unibanco Arteplex e circuito
Avaliação: ruim


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