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Crítica/ "Eu e as Mulheres"
Filho de Kasdan perde-se em imagens de telefilmes familiares dos anos 80
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Um pai pode legar um
patrimônio a seu filho.
Mas um diretor jamais
conseguirá doar um cinema,
um jeito de construir imagens.
Jon Kasdan, filho de Lawrence
Kasdan, não honra o primeiro
filme rodado pelo pai ("Corpos
Ardentes") em "Eu e as Mulheres", sua estréia na direção.
Neste filme, Carter Webb
(Adam Brody) é o jovem roteirista que leva um fora da namorada e decide sair de Los Angeles para cuidar da avó (Olympia Dukakis) no Michigan. A idéia é
desenvolver seu projeto de ser
escritor sério, mas, como estamos numa comédia dramática
afinada com as relações humanas, Carter fará amizade com a
casa da frente.
As coisas ficarão no nível dos
diálogos e passeios com o cãozinho pelas sossegadas ruas, uma
verdadeira sessão de análise
com a bela e carente vizinha,
Sarah (Meg Ryan), abrindo-se
para o rapaz sobre o abismo entre ela e a filha, e esta também
pedindo conselhos a ele.
Isso rende o esperado numa
dramaturgia de telefilmes ordinários, que é ficar na superficialidade, e faz com que a atração de Carter por Sarah, por
exemplo, torne-se uma troca de
carinhos bastante recatada.
O que seria diferente com Lawrence Kasdan. Em seu primeiro filme, já havia uma visão
mais aguda sobre a relação entre sexos. Uma pertinência
conjugada com imagens minimamente criativas, diálogos
bem construídos (Kasdan foi
um dos roteiristas de "Caçadores da Arca Perdida"), situações
cruciais mesmo que triviais.
"Eu e as Mulheres" é um filme de gênero que fala sobre as
humanidades e tem no diálogo
o seu norte, mas a visão pouco
profunda do diretor coaduna-se com suas imagens de telefilme familiar dos anos 80.
EU E AS MULHERES
Diretor: Jon Kasdan
Produção: EUA, 2007
Com: Elena Anaya, Adam Brody e
Meg Ryan
Onde: a partir de hoje nos cines Kinoplex Itaim, Frei Caneca Unibanco
Arteplex e circuito
Avaliação: ruim
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